Joinville justifica aplicação da vacina nos glúteos com nota da coordenação do PNI

Joinville justifica aplicação da vacina nos glúteos com nota da coordenação do PNI

Campanha de imunização da cidade viralizou após internautas postarem foto de injeção na região abaixo da cintura

R7

Joinville justifica aplicação na região ventroglutea com orientação de aplicação da nota da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações

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A aplicação das vacinas contra Covid-19 em um local do corpo pouco comum fez com que a campanha de imunização na cidade de Joinville (SC) virasse assunto nas redes sociais nos últimos dias. Muitas pessoas se perguntavam por que os imunizantes não estavam sendo aplicados na parte superior do braço, como tradicionalmente é feito.

O R7 entrou em contato com a Prefeitura de Joinville, que informou que há embasamento técnico para a aplicação na região ventroglútea e que isso já é feito em outras campanhas de imunização.

A nota enviada cita um documento intitulado "Orientações Quanto à Aplicação de Vacina Intramuscular”, da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. "O documento destaca que a região ventroglutea, que fica na região acima do quadril, é uma das melhores opções quanto à via de administração", diz a nota, ao citar um trecho de que a área "oferece a melhor espessura de músculo, é livre de nervos e vasos sanguíneos, com uma camada mais estreita de gordura, além de apresentar redução de dor durante a aplicação"

Todavia, o mesmo documento salienta que a "região ventroglutea é uma das melhores opções quanto à via de administração alternativa", sendo o músculo deltoide, do braço, o principal local.

A conselheira titular do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) Vanessa Morrone Maldonado reforça que o local de aplicação usado em Joinville é uma via alternativa, mas não a principal.

"A gente sempre indica a vacinação no músculo deltoide porque é mais rápido, é mais fácil, todo profissional tem habilidade na execução do procedimento. Pode ser realizada no vasto lateral da coxa ou região ventroglútea por profissional capacitado caso haja algum impedimento ou uma especificidade na região preconizada."

Ela cita como exemplos pessoas que fazem tratamento oncológico, com cirurgias recentes, fraturas, entre outras razões que poderiam impedir a aplicação da vacina no braço. Além disso, existe uma questão de agilidade e praticidade na aplicação no braço. A vacina aplicada na região ventroglútea inviabilizaria, por exemplo, os drive-thru .

O efeito da vacina, seja no braço, na coxa ou na região ventroglútea é o mesmo, acrescenta Vanessa. Todos esses músculos têm células capazes de absorver o imunizante.

O que dizem as bulas

O R7 verificou as bulas das quatro vacinas contra covid-19 usadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI). A da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz, salienta que deve ser "injetada em um músculo (usualmente no braço)".

A bula da CoronaVac, do Instituto Butantan, recomenda "a administração da vacina na região deltoide da parte superior do braço por via intramuscular". A da Pfizer/BioNTech especifica que a vacina é "administrada como injeção no músculo da parte superior do braço".

O mesmo ocorre com a vacina da Janssen: "a vacina Covid-19 (recombinante) destina-se apenas a injeção intramuscular, de preferência no músculo deltoide da parte superior do braço".

Em qual braço?

Nas redes sociais, algumas pessoas questionam o fato de não poderem escolher em qual braço tomar a vacina anticovid. A conselheira do Coren-SP esclarece que não há impedimento nisso, mas que os profissionais preferiram padronizar que a primeira dose é no braço direito e a segunda é no braço esquerdo.

"Como não tem anotação de qual braço a vacina foi aplicada — diferente de uma ficha de hospital, por exemplo —, a padronização facilita caso você tenha qualquer reação adversa da vacinação. Nem todo mundo lembra em qual braço tomou a vacina. Se acontecer alguma coisa e a pessoa voltar na unidade, pela dose que ela tomou sabemos qual foi o braço."


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