Justiça se exime de responsabilidade no atraso em limpeza da Kiss

Justiça se exime de responsabilidade no atraso em limpeza da Kiss

Advogado da empresa proprietária do prédio quer mais informações de como deve transcorrer trabalho

Ananda Müller / Rádio Guaíba

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O Tribunal de Justiça encaminhou na tarde desta quarta-feira uma nota à imprensa na qual explica a questão do atraso no processo de limpeza no prédio onde funcionou a boate Kiss, em Santa Maria. De acordo com a empresa proprietária do prédio, a Eccon Empreendimentos Imobiliários, o procedimento programado para começar na última segunda-feira foi adiado devido à necessidade de uma nova autorização por parte do juiz Ulysses Fonseca Louzada. Segundo o TJ, no entanto, os trâmites legais que estão em aberto foram protocolados, justamente, pela própria executora do serviço.

Na nota, o TJ esclarece que a empresa encaminhou o pedido de autorização para a limpeza mesmo com o aval dado por Louzada em março, após a coleta de amostras de materiais no interior da boate para utilização futura. Mesmo assim, o juiz decidiu levar o pedido em consideração e pediu vistas aos envolvidos no caso (defesa, acusação e assistência de acusação). A assessoria de imprensa do TJ deixa claro que, em nenhum momento, houve a intenção de adiar o procedimento de limpeza, que inclusive foi solicitada pelo mesmo juiz, após um laudo comprovar a presença de mais de 200 substâncias tóxicas no interior do prédio.

Agora, com a necessidade de observação do processo legal de vista às partes, a nova autorização deve ser emitida até esta quinta-feira. Como a Eccon e a Geo Emergência Ambiental – que vai fazer o trabalho de limpeza –, devem comunicar a Fundação de Proteção Ambiental (Fepam) com pelo menos dez dias de antecedência, a higienização pode se iniciar apenas no começo de dezembro. A limpeza vai exigir o isolamento da quadra do prédio, na rua dos Andradas, no Centro de Santa Maria. Um toldo deve ser montado e os escombros retirados serão encaminhados para um depósito em Canoas, na região Metropolitana.

Ao tomar conhecimento da informação divulgada pelo Tribunal de Justiça do Estado, o advogado da empresa proprietária do prédio, Paulo Henrique Correa afirmou que continua esperando uma decisão do Juiz Ulysses Fonseca Louzada sobre os detalhes da Limpeza. “Precisamos saber se é para limpar tudo ou uma parte, salientou. Não queremos que mais tarde sejamos culpados por alterar a cena do crime em caso de uma reconstituição da tragédia”, salientou Correa.

O incêndio na boate Kiss deixou 242 mortos e mais de 600 feridos durante a madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. Na ocasião, um artefato pirotécnico foi acesso no palco pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e acabou propagando as chamas pelo revestimento de espuma usada como isolamento acústico. A combustão do material provocou a liberação de fumaça tóxica, responsável pela maior parte das mortes.

*Colaborou Renato Oliveira

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