Leite corta remuneração em 30% e anuncia novas medidas de combate à pandemia

Leite corta remuneração em 30% e anuncia novas medidas de combate à pandemia

Governo implementou solicitação digital de remédios em farmácias

Correio do Povo

Governador espera que secretários também adotem redução

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Em mensagem à população gaúcha na manhã desta sexta-feira, o governador Eduardo Leite pediu que o feriadão de Páscoa seja “efetivamente usado como período de reclusão e de reflexão sobre a mudança de postura em relação à coletividade”. Além disso, anunciou cortes em seu salário pelos próximos meses.

"Tomei uma decisão pessoal que recomendei aos nossos secretários. Nos próximos três meses, estarei abrindo mão, reduzindo a minha própria remuneração em 30%", afirmou o chefe do Executivo, que considerou que todos estão numa mesma situação que impõe ações de sacrifício pessoal.

Além do governador, confirmaram até a manhã desta sexta a redução dos valores nos salários o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e os secretários Juvir Costella (Logística e Transportes), Claudio Gastal (Governança e Gestão Estratégica), Tânia Moreira (Comunicação), João Derly (Esporte e Lazer), Agostinho Meirelles (Articulação e Apoio aos Municípios), Artur Lemos Júnior (Meio Ambiente e Infraestrutura), Luís Lamb (Inovação, Ciência e Tecnologia), Catarina Paladini (Justiça, Cidadania e Direitos Humanos) e César Faccioli (Administração Penitenciária). 

Leite também anunciou novas medidas para conter a circulação de pessoas. Um dos eixos está na melhoria da distribuição de medicamentos tendo em vista a demanda de pacientes com doenças crônicas. "Implantamos a solicitação digital que inicialmente contempla 75 medicamentos que vão poder ser pedidos pela internet e que podem reduzir em até 35% o volume de pacientes indo para filas junto às farmácias", explicou.

Além disso, foi instituído o agendamento online para entrega de documentos nos locais de compra, e a renovação automática de receitas de medicamentos controlados de 60 dias nos casos em que "o médico não precisou fazer alguma alteração do tratamento".

Distribuição da cloroquina

Na live transmitida pelo Facebook, o governador comentou o recebimento de caixas de cloroquina. "Ainda que os estudos técnicos para o uso dessa medicação não sejam conclusivos, nós temos o envio pelo Ministério da Saúde de 1.250 tratamentos com a cloroquina e eles foram distribuídos a hospitais de referência para o armazenamento e a distribuição", comentou.

Leite disse que a aplicação do fármaco no tratamento é para "casos de pacientes graves, sempre sob recomendação médica, diante de uma situação em que os efeitos colaterais que a medicação acaba oferecendo se tornam menos relevantes diante de uma vida em risco". 

O Diretor de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul, Roberto Eduardo Schneiders, frisou que o Ministério da Saúde iniciou o fornecimento do medicamento "para pacientes hospitalizados que estejam em estado grave e crítico, sob avaliação médica, como tratamento complementar". Sobre a distribuição dos comprimidos, afirmou que a pasta buscou a forma mais universal possível, mas também considerou uma análise quantitativa, a partir da incidência da doença nas regiões do estado.

A ideia é que esses hospitais possam fazer a administração da cloroquina e sirvam como ponto de referência se alguma outra instituição pública ou privada solicite o medicamento para tratar os seus pacientes. "Então, com isso, temos essa rede organizada. O Estado criou um sistema online para monitorar o estoque em tempo real desses hospitais, assim nós conseguimos monitorar se tem algum consumo maior no do medicamento e fazer alguns remanejamentos enquanto aguardamos a próxima remessa".

Ainda em relação à cloroquina, foi enfático ao não recomendar a automedicação. "Tem alguns efeitos colaterais. Ele pode ter alguns problemas cardíacos, tem interação com medicamentos. Então, não use por conta própria. Esse medicamento precisa ser prescrito por um médico que vai fazer avaliação e acompanhamento", concluiu.

Parceria para dados 

O tucano também anunciou que o governo estadual chegou aos termos finais de uma parceria com a operadora Vivo para usar os dados agregados sobre deslocamento de pessoas. Leite garantiu que a medida não vai entrar "em dados individualizados sobre as pessoas especificamente", mas sim no cerne de informações sobre deslocamento populacional em tempo real nas diferentes localidades do Estado a partir das antenas da telefonia celulares. Conforme o governador, isso possibilitará o monitoramento da condição de isolamento social e como ela está sendo respeitada.

"Vamos acompanhar a mobilidade populacional. Portanto, identificar situações de aglomerações de pessoas que, segundo as autoridades sanitárias, apresentam os maiores riscos a contaminação pela Covid-19. As informações serão apresentadas em um modelo de mapa de calor para indicar a maior ou menor concentração populacional por localidade e nos diferentes períodos", comentou.

De acordo com o governador, a análise vai permitir saber "quem tem mais necessidade de estabelecer restrições maiores ou, eventualmente, relaxar medidas".


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