Leite enfatiza necessidade de evitar a transmissão do coronavírus

Leite enfatiza necessidade de evitar a transmissão do coronavírus

Ao Balanço Geral, governado do RS afirmou que ainda espera impacto do carnaval no atual pico

Gabriel Guedes

Eduardo Leite fala sobre desafios do combate à pandemia no Balanço Geral

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O governador Eduardo Leite, em entrevista ao Balanço Geral, na Record TV RS, no começo da tarde desta sexta-feira, detalhou o esforço do governo do Estado no enfrentamento à pandemia de Covid-19 nas últimas semanas. E deu a entender que se o governo tivesse se deparado um agravamento antes do carnaval, as medidas restritivas poderiam ter sido adotadas naquele momento. 

Leite garantiu que o quadro de colapso do sistema de saúde no Rio Grande do Sul não tem nenhuma ligação com os pacientes do Amazonas e Rondônia que receberam tratamento nos hospitais gaúchos. Também afirmou que os hospitais de campanha não solucionam o drama da superlotação das Unidades de Terapia Intensiva O governador reforçou o pedido de respeito às medidas implementadas, admitiu que não gosta delas, mas foram necessárias: “Diante do elevado número de pessoas contaminadas, a gente precisa reduzir o contato entre as pessoas. Estamos fazendo isso no momento crítico”, lembrou.

Leite disse que ainda aguarda ainda os reflexos do carnaval. “Até o início de fevereiro, o Estado estava observando uma relativa estabilidade nas internações hospitalares, ao redor dos 76%, 78%. E agora, em 15 dias, saltou de 76% para 94%, a ocupação das nossas UTIs. Mas foi especialmente depois do carnaval que se observou este crescimento tomando velocidade nas internações. E ele não é devido ao carnaval. Se no carnaval se produziu algum efeito da aglomeração, ainda vai se sentir por agora. Até que uma pessoa fique grave e vá para uma UTI, leva um tempo”, esclareceu.

Na tarde desta sexta, os números da Secretaria Estadual de Saúde (SES), indicavam que 55,4% dos 6.288 leitos clínicos do Rio Grande do Sul estavam ocupados por pacientes com Covid-19. Já em relação aos 2.741 leitos de UTI, a ocupação era de 93,4%. Os números corroboram a justificava dada pelo governador por não empregar esforços nos hospitais de campanha. “Os hospitais de campanha são para os leitos clínicos. São para estes casos menos graves. Mas neste caso nós temos disponibilidade. O problema está nos leitos de maior complexidade, que são estes de UTI. O problema não são só equipamentos. Aí começa a falta recursos humanos, como médicos, enfermeiros e técnicos”, acrescentou.

O governo do Rio Grande do Sul aceitou receber 50 pacientes dos estados do Amazona e Rondônia no começo do ano, a pedido do Ministério da Saúde, diante do colapso do sistema de saúde na região Norte do Brasil, segundo Leite. “Antes de mais nada somos o mesmo país, somos brasileiros. Vamos pensar que uma região do estado não vá aceitar pacientes de outra região. Nós estamos juntos no enfrentamento à pandemia. Foram 50, controlados, de forma organizada”, ressaltou. 

O governador rebateu as críticas de quem teria atacado o gesto de solidariedade. “Quem ataca isso, está admitindo que quer os pacientes a distância. Mas quando defendemos que precisamos de distância entre nós, combate o distanciamento social. O problema é que precisamos ter distanciamento entre nós, porque entre nós não sabemos quem está e quem não está com o vírus”, advertiu.

Amargo, mas necessário

Leite apontou que comércio, academias não são culpados pela situação de agora, mas é preciso tentar brecar a circulação do vírus: O contágio acontece onde houver uma pessoa contaminada diante de outra”, salientou ele, consciente dos prejuízos econômicos das medidas restritivas previstas com a bandeira preta: “Vai afetar economicamente, claro que vai. Eu entendo a irritação das pessoas. Eu, como governador, sou interessado no desenvolvimento econômico do estado. Desenvolvimento econômico melhora a vida das pessoas, torna as pessoas mais felizes. O governo arrecada e consegue fazer os serviços. Todos nós temos interesse. Mas nós temos interesse que as pessoas tenham sua vida, sua saúde”, esclareceu.

A manutenção da abertura de templos religiosos e das escolas também foi tratado por Leite. Disse que que os cultos podem ser realizados, mas virtualmente, e admitiu que pode até considerar uma flexibilização após o período mais crítico. “Nós estamos discutindo se pode ter algum percentual de pessoas presentes, mas nossa margem é muito estrita, na medida em que precisamos reduzir o máximo a circulação nestes nove dias. Entendemos a importância da fé para muitos como sustentação do espírito e temos dialogado com muitos na busca de alternativas”, reconheceu. 

Em relação às escolas, já no final da entrevista, o governador defendeu manter a abertura, na bandeira preta: “As voltas às aulas, no geral, devem acontecer nas bandeiras, vermelha, laranja e amarela. Na bandeira preta fica restrita à educação infantil e do 1º e 2º ano do ensino fundamental, porque são no momento em que fica difícil para eles fazerem o ensino remoto”, concluiu.


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