Leitora do Correio do Povo completa 100 anos e recebe homenagem
Wilma Pereira Moura teve primeiro contato com o jornal em 1930
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Cercada de amigos e parentes, Wilma Pereira Moura comemorou neste domingo o aniversário de cem anos de forma inusitada: na entrada do prédio onde reside, no Centro Histórico. Sem poder realizar festa por conta da pandemia do novo coronavírus, a filha Rosa Marta, que é técnica em nutrição dietética, organizou uma surpresa para a mãe e enfeitou o hall do edifício com balões. Dezenas de pessoas se reuniram na rua Vigário José Inácio, próximo da avenida Mauá, para um abraço simbólico na aniversariante, que acompanhou a festa sentada em um poltrona colocada na porta do prédio.
A trajetória de vida da dona Wilma encontra paralelo com a do Correio do Povo. A pedido do pai Dulcídio, ela começou a ler o jornal para a avó Maria Anastácia, que tinha problema de visão. Isso em 1930, quando já frequentava a escola. De lá para cá, Wilma aprofundou o gosto pela leitura e mantém até hoje o hábito. "Todo dia de manhã acordo, tomo café e leio o Correio do Povo", afirma. Colorada fanática, daquelas que não perdem nenhum jogo, Wilma também gosta das reportagens das editorias de política e mundo. Rosa destaca que a mãe goza de boa saúde e não deixa de tomar um cálice de vinho à noite.
Por conta da pandemia, Rosa explica que ajuda a cuidar da mãe. Como moram no mesmo prédio, e no mesmo andar - oitavo - o almoço de domingo sempre é garantido em família. É na companhia do genro Alexandre que muitas vezes Wilma busca se atualizar das notícias via internet. "A minha mãe contou que meu avô era assinante do jornal. E desde pequena ela tinha que ler para a vó. "Ela sempre foi de ler, sempre está com jornal nas mãos", destaca. "De manhã cedo ela pega o jornal e vai tomar café. Ela comenta de tudo, de futebol à política", completa.
Emocionada com o carinho e a presença de tanta gente, Wilma ouviu as declarações de amigos e parentes, que utilizaram um microfone e caixa de som instalados no local. Balões brancos e laranjas, além do numeral 100 pendurado na faixa deram cores à festa. Usando máscara de proteção como todos os convidados, Wilma assistiu à apresentação de um saxofonista contratado para a ocasião. Em seguida, com um bolo colocado na mesa ao lado da cadeira, o público cantou parabéns. Foi o suficiente para a aniversariante se emocionar e deixar cair as lágrimas sob olhar atento dos vizinhos e motoristas que acompanhavam a cena inusitada no
Natural de Porto Alegre, Wilma nasceu em 27 de setembro de 1920. Estudou na Escola Rio Branco e sonhava em ser professora. "Mas foi aprender a bordar e se transformou numa bordadeira de mão cheia, conhecida pelos enxovais impecáveis", garante o neto Denys, que leu um discurso emocionado na frente do prédio. O jovem garante que a avó era uma cozinheira de mão cheia, com preferência para empadas de palmito, pudim de leite e bolos, mas hoje deixou de cozinhar. Wilma morou no bairro Rio Branco até setembro de 1961, quando se casou com Eloy Cunha Moura. O marido faleceu há 19 anos. Com isso, Rosa decidiu que era preciso morar mais próximo da mãe. "Há dez anos moramos no mesmo prédio, cada um em seu apartamento", comenta.