Liberação do uso das máscaras não pode ser entendida como "fim" da pandemia, avalia infectologista

Liberação do uso das máscaras não pode ser entendida como "fim" da pandemia, avalia infectologista

Segundo Alexandre Zavascki, no cenário atual, é possível flexibilizar regras, mas tudo deve ser feito com cautela

Arthur Ruschel

publicidade

Quase dois anos se passaram e as máscaras, enfim, aparentam dar o seu “até logo” para os brasileiros. Com a baixa incidência de infecção do coronavírus e o avanço da vacinação, alguns estados – ao menos 11, exceto o Rio Grande do Sul – flexibilizaram o uso do aparato. Porém, o “até logo” ainda não pode ser um “adeus”, principalmente quando o assunto é a pandemia da Covid-19.

"As autoridades querem comunicar isso como o fim da pandemia. O correto seria: ‘'Olha, estamos em um momento da pandemia em que, eventualmente, podemos deixar o uso das máscaras", avalia o infectologista no Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Alexandre Zavascki.

“As pessoas, ou pelo menos boa parte delas, não estão se informando. Elas entendem que essa flexibilização é o fim da pandemia”, completa Zavascki, que também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Na visão do infectologista, metas pré-estabelecidas com relação a incidências de casos deveriam estar definidas. Em certo momento, o uso das máscaras estaria liberado. Em outro, com o retorno do aumento de casos, seria retomado.

“Isso deveria estar alinhado com a sociedade. Mas nós nunca tivemos essa orientação ao longo da pandemia e não vai ser agora”, explica.

Atualmente, Porto Alegre apresenta uma taxa de incidência de casos de 150 para 100 mil habitantes por semana – algo aceitável, segundo Zavascki, para a flexibilização do uso de máscaras.

"Dizer que é o adequado é um pouco mais complicado do que dizer que é possível. No adequado, poderíamos ainda manter as mesmas atitudes porque estamos em um decréscimo e isso só potencializaria o sucesso dessa flexibilização. Mas no possível, podemos pensar em flexibilizar sim”, disse.

Tratando-se do momento certo ou não, o professor da Ufrgs reforça que o fim da obrigatoriedade não significa o fim do uso – cada indivíduo pode optar. Outras medidas como o distanciamento social e o uso de álcool gel seguem valendo. A vacinação, acima de tudo, continua sendo o mais forte aliado do planeta contra o coronavíurs. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895