Lide-RS e FIRS discutem alternativas no combate à Covid-19

Lide-RS e FIRS discutem alternativas no combate à Covid-19

Encontro foi realizado por videoconferência 

Felipe Samuel

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As medidas adotadas por Israel para impedir a propagação do novo coronavírus, os avanços de pesquisas científicas e a possibilidade de desenvolvimento de uma vacina para a doença foram tema de videoconferência ontem entre especialistas brasileiros e israelenses.

Durante o encontro virtual - organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide RS) e pela Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS) -, todos concordaram que é preciso reforçar as ações de isolamento da população brasileira para achatar a curva de contaminação da Covid-19 e evitar sobrecarga do sistema de saúde.  
  
Diretor-Geral Associado do Centro Médico Sheba, Arno Afek afirmou que parte do sucesso do país, no que classificou como 'primeira batalha' contra o novo coronavírus, foi restringir o acesso na região. "Israel quando notou inicio da Covid-19, tomou medidas importantes e radicais. Fechamos nossas fronteiras e isolamos as regiões da cidade como se fossem ilhas. Quem retornava da Europa entrava direto em quarentena por 14 dias", reforçou.

Mesmo com boa infraestrutura do sistema de saúde israelense, Afek destacou que ao evitar a disseminação da doença, o país pode ampliar as instalações dos hospitais. Em Israel, alguns hospitais utilizaram áreas destinadas a estacionamentos para colocar leitos de UTI e reforçar a capacidade de atendimento. "Usamos esse tempo para controlar a epidemia e nos preparar para enfrentar a doença", avaliou.

Testes

Além de ganhar tempo para melhorar a estrutura hospitalar, Afex destacou a importância da testagem da população para a Covid-19 e da separação dos pacientes que buscam atendimento nesses locais em dois grupos: os que testaram positivo para a doença e pacientes regulares.  

Afek explicou que as visitas a pacientes também estão limitadas durante a pandemia da Covid-19. De acordo com o especialista, que esteve algumas vezes no Brasil, o enfrentamento à doença deixa lições importantes, como a necessidade de o país contar com leitos para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e ventilação mecânica para pacientes diagnosticados com a Covid-19.

Apesar das medidas adotadas no país, Afek chama atenção para a necessidade de manter as ações preventivas pelo menos até o final do ano. "Tenho receio do inverno. Temos um grande desafio para todo sistema de saúde, mas tomara que eu esteja errado", afirmou.

Máscaras

Ele reforçou que o governo adotou outras medidas, como a compra de máscaras para população carente, e a utilização de dados de telefones celulares para rastrear pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Para o presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Claudio Lottenberg, no Brasil é preciso combinar duas coisas. Achatar a curva de contágio para evitar que todos pacientes procurem o sistema de saúde ao mesmo tempo e trabalhar para isolar a população e provocar menos transmissões do vírus. Lottenberg informou que existem várias realidades no país, com diferenças de estruturas hospitalares.

Sistema Único de Saúde

Lottenberg destacou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), além do setor privado, e garantiu que o enfrentamento da Covid-19 representa um grande desafio para o país, uma vez que falta alinhamento de estratégia entre o presidente Jair Bolsonaro e estados e municípios.

"Isso cria problemas de entendimento junto à população. O presidente diz que não é um problema real, que é uma 'gripezinha', sai sem máscara, estimula pessoas a aglomerarem-se. As pessoas observam esse tipo de comportamento e fazem a mesma coisa", criticou. "É difícil quando alguém demonstra exatamente o contrário", completou.

Realidades diferentes

Lottenberg explicou, no entanto, que a comunidade médica trabalha unida a partir de protocolos, 'apesar da pressão envolvendo cloroquina', mas reforçou que cientistas e médicos estão mais fortes nesse processo. "Temos muitos 'brasis' dentro do Brasil, com realidades diferentes".

Ele destacou ainda os números alarmantes do novo coronavírus em Manuas, Ceará e Recife. Entre outras coisas, ele defendeu a ampliação do sistema de telemedicina, utilizado com sucesso em Israel, e que poderia ajudar a desafogar a emergência dos hospitais brasileiros.

Estudos

Diretora do Centro Joseph Sagol de Pesquisa em Neurociências, a professora Michal Beeri, que é natural do Rio de Janeiro, afirmou que estudos estão sendo realizados em Sheba para encontrar tratamentos efetivos no combate à doença.

Ela garantiu que pesquisou dados sobre a doença na literatura médica e não encontrou informações acerca de medicamentos para a Covid-19. Michal destacou ainda os estudos realizados a partir de novas tecnologias sensitivas, com o uso do celular, para detectar doenças ainda em fase inicial. "Temos novas tecnologias todos os dias", afirmou.

Mediador da videoconferência, o presidente do Lide RS, Eduardo Fernandez afirmou que o encontro serve para avaliar pesquisas e o desenvolvimento da tecnologia em Israel que podem servir de referência para o Brasil.

Presidente da FIRS, Sebastian Watenberg afirma que o debate com profissionais que são referência na área é uma oportunidade única. "É uma experiência bastante rica, pois Israel tem muito a nos ensinar porque está enfrentando com bastante sucesso e reconhecimento a questão da pandemia", observou.


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