Maia, Mandetta e Gilmar Mendes criticam falta de transparência sobre a Covid-19

Maia, Mandetta e Gilmar Mendes criticam falta de transparência sobre a Covid-19

Presidente da Câmara pede transparência, ex-ministro fala em tragédia e ministro do STF fala em manipulação sobre nova divulgação de dados

R7

Gilmar Mendes usou uma rede social para publicar suas críticas e chamou de manipulação a nova metodologia

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Neste sábado, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes criticaram a alteração feita pelo governo federal na forma de divulgação dos dados da pandemia da Covid-19.

A DPU (Defensoria Pública da União) ingressou neste sábado com um pedido de liminar no plantão da Justiça Federal de São Paulo para obrigar o Ministério da Saúde a divulgar atualizações integrais do avanço dos casos e mortes da Covid-19 até as 19h.

Durante participação em uma live, Maia disse que ligou para o secretário-geral da Presidência, ministro Jorge Oliveira, e fez um apelo para que o governo restabeleça os dados, com transparência. Para Maia, as informações são importantes para que prefeiros e governadores tomem decisões no combate à pandemia.

Gilmar Mendes usou uma rede social para publicar suas críticas e chamou de manipulação a nova metodologia. "A manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários. Tenta-se ocultar os números da #COVID19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio. #CensuraNao #DitaduraNuncaMais", diz o post no Twitter

Mandetta chamou de "tragédia" a decisão do governo. "Me parece que estão querendo fazer uma cirurgia nos números dos protocolos públicos. Não informar significa o Estado ser mais nocivo do que a doença", disse Mandetta, em uma live da faculdade IDP, de Brasília.

"É uma tragédia o que a gente está vendo agora, o desmanche da informação", afirmou Mandetta. Neste sábado (6), o Ministério da Saúde passou a restringir as informações disponíveis em sua página na internet com informações a respeito da pandemia.

Depois ficar fora do ar por um dia, o site covid.saude.gov.br exibe agora apenas as informações sobre os casos de pessoas recuperadas da doença, os casos de novas contaminações e os óbitos das últimas 24 horas. Todas as demais informações históricas da doença no país, como dados acumulados, foram omitidas.

O ex-chefe da pasta da Saúde desferiu uma série de críticas após ser questionado, na live, especificamente, sobre a restrição das informações. Ele classificou como estratégia política com intenção de "esconder números, manipular os números, não deixar notícias ruins" e disse que isso é prejudicial para o cidadão.

Mandetta criticou diretamente a gestão militar no comando da saúde. O atual ministro da Saúde é o general Eduardo Pazuello e há dezenas de militares na pasta. "Em guerras, militares são muito acostumados a construir bunkers de segredos inacessíveis. Mas, na guerra contra vírus, a informação compõe a primeira linha de defesa do indivíduo", afirmou o ex-ministro.

O Tribunal de Contas da União deve discutir a possibilidade de passar a reunir e divulgar as informações das secretarias estaduais de saúde, por proposta do ministro Bruno Dantas.

O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para justificar a mudança no horário de divulgação dos dados sobre a pandemia de novo coronavírus no Brasil. Segundo ele, os ajustes feitos pelo Ministério da Saúde são necessários para mostrar com precisão "o momento do país" e ressaltar que "a maior parcela já não está com a doença", escreveu.


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