Maio Amarelo chama a atenção para a discussão sobre segurança no trânsito em Porto Alegre

Maio Amarelo chama a atenção para a discussão sobre segurança no trânsito em Porto Alegre

Além de Porto Alegre, cidades como Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria e Caxias do Sul também foram escolhidas para receber o Vida no Trânsito

Cláudio Isaías

Maio Amarelo será de discussão sobre segurança no trânsito em Porto Alegre

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O Maio Amarelo, que será lançado nesta terça-feira em Porto Alegre, é uma grande oportunidade, talvez a melhor, da sociedade gaúcha falar sobre segurança no trânsito, acidentes e a questão que envolve a vida das pessoas que estão cada vez mais vivendo nas cidades. A avaliação foi feita pelo professor Carlos José Félix, do curso de Engenharia Civil/Departamento de Tráfego da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em um ciclo de palestras sobre mobilidade urbana. "Existe hoje uma necessidade de deslocamentos rápido das pessoas entre as cidades, mas elas esquecem de uma coisa: é preciso circular com segurança e atenção.

Félix, que representante do Maio Amarelo no Rio Grande do Sul, afirmou que os condutores precisam ter um olhar atento para a circulação de idosos (dificuldade de locomoção), crianças (de percepção) e motociclistas (autoconfiança)."O Maio Amarelo nasceu com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito", destacou.

No dia 11 de maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A cor amarela simboliza atenção e também a sinalização e advertência no trânsito. Já Karla Livi, enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que participa do programa Vida no Trânsito afirmou que a iniciativa é desenvolvida há sete anos em Porto Alegre e trabalha com os vulneráveis que são os pedestres, no caso idosos, e motociclistas.

Segundo ela, os idosos possuem uma autoconfiança e não se dão conta das limitações do período de vida que estão vivendo. Karla Livi explicou que a Capital possui uma das menores frotas de motocicletas do Brasil em torno de 12%. No entanto, a cidade registra o segundo grupo de vítimas no país.

"O condutor da moto não se identifica como um vulnerável no trânsito. Ele possui um excesso de confiança e, por exemplo, não guarda a distância mínima entre veículos", acrescentou.

Um levantamento do programa Vida no Trânsito mostrou que os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com vítimas de acidentes de trânsito ultrapassaram R$ 250 milhões e que houve redução de 15% em óbitos nos últimos dois anos, com a implementação do programa nas capitais.

Além de Porto Alegre, cidades como Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria e Caxias do Sul também foram escolhidas para receber o Vida no Trânsito em função do tamanho da frota que circula nessas localidades. O programa trabalha com gestores municipais e estaduais o aumento da fiscalização (para inibir a direção perigosa), a engenharia de trânsito (qualidade das vias) e a educação de motoristas e passageiros (para que colaborem na rotina das cidades).

Locais perigosos

As avenidas Assis Brasil, João Pessoa, Azenha, Salgado Filho, Osvaldo Aranha e Protásio Alves estão entre as mais perigosas para os pedestres em Porto Alegre. Nestas vias, as pessoas insistem em atravessar fora da faixa de segurança, sendo muitas delas idosas. A avenida João Pessoa, nas proximidades do Parque da Redenção, é um dos locais preferidos pela população que se arrisca ao cruzar a via entre veículos e ônibus. Na altura do número 817, onde está localizado o corredor de ônibus, é um ponto em que ocorre um "festival de imprudências" dos pedestres que não querem caminhar 20 ou 30 metros até a faixa de segurança.

As avenidas Osvaldo Aranha e Protásio Alves, principalmente nas proximidades dos hospitais de Pronto Socorro (HPS) e Clínicas (HCPA), são dois locais em que os pedestres insistem em desrespeitar as regras de trânsito, atravessando fora da faixa de segurança. Outro local crítico e extremamente perigoso aos pedestres é a avenida Assis Brasil, na zona Norte da cidade, que possui um fluxo intenso de carros e ônibus da Capital e da Região Metropolitana (Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí).

Nesta via, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) tem feito intervenções para tornar a circulação mais segura O diretor-presidente interino da EPTC, Fabio Berwanger, afirmou que não pode ser cobrado apenas do automóvel uma atitude segura, mas a exigência vale para todos os atores, no caso pedestres, ciclistas e motociclistas.

“Infelizmente, as pessoas não têm a cultura de atravessar na faixa", explicou. Segundo ele, muitas vezes o pedestre poderia caminhar dez ou 20 metros e atravessar com segurança na faixa ou esperar 20 segundos para o semáforo de pedestre abrir. O ideal, segundo Berwanger, é que os pedestres atravessem sempre em linha reta e que antes de iniciar a travessia certifiquem-se de que os carros já pararam. "Não custa lembrar aos pedestres que os motociclistas trafegam entre os veículos", ressaltou.

Ele acredita que uma mudança de cultura na circulação da cidade depende do esforço de cada pessoa, com mais respeito nas relações entre todos os atores do trânsito. O coordenador de Educação para Mobilidade da EPTC, Diego Marques, explicou que o mês de Maio terá uma atenção com os dois grupos mais frágeis no trânsito: os idosos e os motociclistas.

Segundo ele, o Grupo Vida no Trânsito, composto por integrantes da empresa, Brigada Militar, Detran e Secretaria Municipal da Saúde (SMS) avaliou que os atropelamentos com idosos e motociclistas em muitos casos são fatais. "Estaremos intensificando às ações em maio com estes dois segmentos. No entanto, o nosso trabalho de educação no trânsito é permanente durante todo o ano onde atingimos todos os públicos, principalmente as escolas e os Centros de Formação de Condutores (CFCs)", explicou.

Com relação aos motociclistas, Marques lembrou que os principais motivos dos acidentes com motos são o excesso de velocidade, manobras perigosas e ultrapassagens arriscadas, além da inexperiência na pilotagem. Ele ressaltou, ainda, a importância da colaboração dos motoristas e pedestres por uma circulação com menos riscos.

“Todos devem colaborar pelo trânsito seguro. Muitos acidentes acontecem, também por imprudência dos motoristas e falta de atenção dos pedestres”, acrescentou.


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