Mantenedora do Hospital Porto Alegre admite dificuldades mas garante esforço para pagar folha

Mantenedora do Hospital Porto Alegre admite dificuldades mas garante esforço para pagar folha

Funcionários entraram em greve nesta segunda alegando salários em atraso

Samantha Klein / Rádio Guaíba

Funcionários entraram em greve alegando salários em atraso

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Com a greve de funcionários do Hospital Porto Alegre (HPA), a mantenedora da instituição admitiu, nesta segunda-feira, atrasos no pagamento da folha, o que levou à paralisação. Conforme a Associação dos Funcionários Municipais (AFMPA), que mantém o HPA, o atraso de salários é de dois meses. Já os vencimentos referentes a março vêm sendo pagos parceladamente. Desde a manhã de hoje, cerca de 60 dos 120 servidores pararam de trabalhar, em protesto contra o impasse.

O presidente João Paulo Galvez Machado admite a gravidade das finanças do hospital e apela à Prefeitura de Porto Alegre e aos planos de saúde conveniados para que adiantem as contribuições. Apesar do rompimento da contratualização, desde 2014, servidores ainda recebem atendimento no hospital, localizado no bairro Azenha.

Com o movimento grevista, o gestor alerta que a crise se agrava. “É um movimento legítimo, mas a greve não contribui em nada para resolver o problema. No momento em que temos uma pandemia e precisamos dos trabalhadores para a prestação dos serviços, a greve traz desconfiança em relação ao nosso trabalho, o que não é verdade: quem segue trabalhando acaba por trabalhar de forma dobrada”, sustenta.

A crise da instituição vem de um longo histórico. Com o rompimento do convênio SUS determinado pelo Município em 2014, Machado garante que as condições financeiras se agravaram. Segundo o gestor, durante 50 anos a instituição se dedicou a atender as necessidades da Saúde em Porto Alegre através de um convênio voltado para os municipários, até 2014. Atualmente, os atendimentos se dão com foco em planos de saúde. Entre outros, já estabelecidos, a instituição busca se credenciar junto ao IPE.

Durante a pandemia, como 18 dos 70 leitos do HPA são para tratamento intensivo (UTI), a Prefeitura chegou a requisitar essas vagas no momento mais grave, entre março e abril. Assim, se por um lado houve melhoria de receitas, ela se diluiu em razão da elevação dos custos de materiais e medicamentos, segundo o presidente da Associação. “Somos deficitários, mas a duras penas estamos lutando para ter pacientes e convênios para manter o hospital e os trabalhadores”, disse.

O gestor admite que os atrasos em pagamentos são de aproximadamente R$ 1,2 milhão, entre terceirizados e funcionários do quadro.

A principal fonte de renda do hospital é o aluguel de leitos para a prefeitura de Porto Alegre. No momento, boa parte das vagas é destinada ao atendimento de pessoas com a Covid-19. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o HPA tinha 14 dos 18 leitos de UTI ocupados, na tarde desta segunda-feira, com pacientes infectados pelo coronavírus.

Posicionamento da SMS

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que a Prefeitura mantém com o hospital uma relação de prestação de serviços chamada Requisição Administrativa. Com isso, as instituições preenchem as AIHs (Autorizações de Internação Hospitalar), informando quais foram os procedimentos adotados em cada situação. Esses dados são encaminhados para análise da SMS para fins de comprovação da execução dos serviços e posterior liberação para o pagamento equivalente.

Nesse modelo de requisição, que é diferente da contratualização habitual – adotado para dar agilidade no processo de aumento da oferta de leitos em função do pico da pandemia -, as instituições recebem um adiantamento pelos serviços prestados para que possam manter a continuidade dos serviços. Esse valor antecipado, porém, cobre apenas os custos de internação e diárias de UTI, e não os exames de imagem, sessões de fisioterapia e outros serviços, o que só deve ser concluído em junho, após a análise da comprovação.

 


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