Marchezan cita plano para ampliar leitos de UTI, mas alerta para limite da estrutura em Porto Alegre

Marchezan cita plano para ampliar leitos de UTI, mas alerta para limite da estrutura em Porto Alegre

Prefeito considera decreto como um sinal para a sociedade de que as pessoas precisam ficar em casa

Correio do Povo

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Após a publicação de um novo decreto com medidas mais drásticas para conter a expansão do novo coronavírus em Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan Júnior falou nesta segunda-feira sobre a iniciativa que, entre outras coisas, proibiu o funcionamento de salões de beleza, academias e do Mercado Público. A medida também interditou parques na Capital. Marchezan relatou que a cidade tem um plano de contingência para aumento de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) contra a Covid-19, mas alerta que há um limite na estrutura. 

"A gente tem feito diariamente o aumento da disponibilização de leitos. Temos um plano de contingência para UTIs de Covid-19, onde vamos ampliando conforme a necessidade. Começamos pelos hospitais federais, o Clínicas e o Conceição e depois buscamos hospitais privados que têm equipamentos públicos, como é o caso do Hospital Parque Belém. Tudo para que a gente possa abrir mais vagas no Hospital Conceição. Só que há um investimento por trás disso porque estes leitos são fechados, eles precisam de separação física para evitar a contaminação de outros pacientes. Agora avançamos à primeira fase com a aquisição de leitos na Santa Casa e passamos a pagar por isso e vamos usar, se a necessidade for essa, leitos em outros hospitais. É um planejamento, mas temos um limite de estrutura, sendo que 30% dos leitos de UTI são ocupados por uma única doença: coronavírus. E estamos diante de uma pandemia, por isso a necessidade do bloqueio das atividades e da restrição de circulação", afirmou Marchezan. 

O prefeito salientou que Porto Alegre ainda corre risco de perder pacientes para a Covid-19 sempre prestar o atendimento necessário contra a doença. "É compreensível que as pessoas se cansem do isolamento, que fiquem irritadiças, mas não podemos perder a racionalidade e passar para a agressão, buscando responsáveis. O culpado é o vírus e tudo que nós pudermos fazer para evitar mortes nós iremos fazer. O que nós precisamos fazer é mandar um sinal para a sociedade e este sinal é que estamos correndo o risco de ter pessoas morrendo sem atendimento. É um sinal para que as pessoas fiquem em casa e até por isso falo que precisamos da colaboração dos grandes empresários e das grandes empresas que entendam o momento e orientem seus trabalhadores. Eles são grandes influenciadores", disse Marchezan em entrevista à Rádio Guaíba. 

Marchezan recordou o período em que Porto Alegre teve uma estabilização na expansão da Covid-19, segurando a demanda por leitos de UTI a partir de 10 de abril. "E a partir daí a gente passou dois meses com uma demanda estabilizada e com base nisso nós retomamos várias atividades. A última liberação ocorreu no final de maio e em junho tivemos uma aceleração na solicitação de unidades de tratamento intensivo. Infelizmente, todas as nossas projeções se concretizaram e hoje temos 175 leitos de UTI ocupados em Porto Alegre. Mais do que isso, o que nos preocupa é a velocidade de crescimento por pedidos de leitos e só poderemos parar com isso com novas restrições", explicou. 

De acordo com o prefeito, o leito de UTI não é algo que vire uma propriedade da prefeitura. "A gente contrata leitos de UTI em hospitais da cidade e isso tem um custo de R$ 2,7 mil por dia. Agora, é preciso dizer que nenhum lugar do mundo teve estrutura para suportar a demanda por leitos de UTI. A Itália, a Espanha, o Reino Unido e os Estados Unidos não conseguiram controlar isso por conta de uma pandemia descontrolada. Não tem como parar com isso sem afetar a circulação de pessoas", argumentou. 

Mudanças a partir desta terça-feira

Mercado Público e Mercado Bom Fim – Determinado o fechamento, sendo permitido apenas o sistema de delivery (tele-entrega); fica permitido para os estabelecimentos do ramo de alimentação com acesso externo o funcionamento também pelo sistema pague e leve (take away). Fica permitido o funcionamento das lotéricas com acesso externo e um cliente para cada atendente.

Super e hipermercados – Controle de acesso na entrada, lotação máxima de 50% do estabelecimento e do estacionamento, além de recomendação para que apenas uma pessoa por família acesse o estabelecimento.

Academias – Proibido funcionamento, inclusive em shopping, condomínios e clubes sociais, salvo apenas para treinamento físico de atletas profissionais contratados.

Comércio e serviços – Somente estão autorizados a funcionar o comércio e os serviços considerados essenciais e os expressamente permitidos pelo art. 13 do decreto 20.625. Ficam fechados salões de beleza e barbearias, comércio e serviço de chips e aparelhos telefônicos e comércio de veículos.

Ferragens e comércio de materiais de construção – Podem abrir com equipes reduzidas e com restrição do número de clientes, na proporção de um cliente para cada atendente, sendo vedada a formação de filas, internas e externas, e a aglomeração de pessoas.

Missas e cultos – Atividade só pode acontecer por meio de captação audiovisual, com o ingresso no estabelecimento apenas da equipe técnica.

Parques e praças – Está vedado o acesso ao público dos parques Moacyr Scliar, Chico Mendes, Germânia, Gabriel Knijnik e Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia). O comércio de ambulantes em parques e praças também fica proibido.

Estacionamentos públicos – Estão fechados desde o último sábado os bolsões e estacionamentos públicos. Quem transpor os bloqueios será multado R$ 195,23 e terá cinco pontos acrescidos na Carteira Nacional de Habilitação.

Área Azul – Quem estacionar entre as 7h e 19h em uma das 5 mil vagas da Área Azul será multado em R$ 195,23, cinco pontos na CNH e remoção do veículo. As vagas em torno de hospitais continuarão em operação.

Vale Transporte – Os vales-transportes dos funcionários das atividades suspensas pelo decreto serão bloqueados a partir de quinta-feira, dia 9, e os ônibus não aceitarão pagamento em dinheiro entre as 6h e 10h.


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