Marchezan pede mais leitos aos hospitais

Marchezan pede mais leitos aos hospitais

Lockdown na cidade foi solicitado por dirigentes de instituições de saúde

Felipe Samuel

Conceição ampliou sua capacidade em 55%

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O prefeito Nelson Marchezan Júnior reuniu por videoconferência, na tarde desta sexta-feira, executivos e diretores de hospitais públicos e privados da Capital. Marchezan reconheceu o esforço de todas as instituições na ampliação de mais de 200 leitos de UTI nos últimos meses e questionou se havia ainda alguma condição de continuar essa expansão nas próximas semanas. Também pediu apoio para a mobilização da sociedade em intensificar o isolamento social, “único remédio existente contra o coronavírus”, conforme destacou. 

“Agradeço o que vocês têm feito em benefício de cada cidadão, mas aproveito esta oportunidade para pedir a ajuda de trazerem a sociedade para a racionalidade, para dividir responsabilidade e nivelar as estratégias possíveis para enfrentarmos a situação. Não queremos avançar para um lockdown, mas precisamos da colaboração da sociedade, dos políticos e dos empresários, e os hospitais podem nos ajudar nesta conscientização”, afirmou o prefeito.  

Marchezan apresentou a situação epidemiológica da Capital e reforçou que, desde o início da pandemia, a prefeitura optou por tomar decisões baseadas na velocidade de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva. Até o momento, Porto Alegre já destinou 203 leitos de UTI exclusivamente para cuidar de pacientes infectados pelo novo coronavírus. No início da tarde desta sexta, dos 748 leitos de UTI em operação em de Porto Alegre, 649 (90,14%) estavam ocupados e 259 (34,63%) deles eram por pacientes em tratamento de Covid-19. “Infelizmente, todas as nossas projeções se confirmam e mostram que as medidas de isolamento adotadas em março não foram precipitadas”, reforçou Marchezan.  

“População precisa entender o seu papel”

A diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Nadine Clausell, enfatizou que as medidas de março para restringir a circulação foram fundamentais para preparar a estrutura hospitalar: “No entanto, precisamos avançar em algo mais restritivo, como lockdown. A situação não está mais nas mãos dos hospitais, a população precisa entender o seu papel ou vamos perder esse jogo”, advertiu Nadine.

O diretor-geral de Relações Institucionais da Santa Casa, Júlio Flávio Dornelles de Matos, também frisou que chegou a vez de a população fazer a sua parte: “Estamos à beira da exaustão, e convido os hospitais a darem as mãos e sensibilizarem a sociedade”.

Os representantes dos hospitais lembraram ainda que os municípios da região Metropolitana precisam se alinhar às restrições impostas em Porto Alegre, pois boa parte da capacidade das instituições está comprometida com pacientes vindos de cidades que não estão estabelecendo medidas rígidas de distanciamento social.

Também participaram da reunião o secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer; o adjunto, Natan Katz; o secretário municipal extraordinário de Enfrentamento ao Coronavírus, Bruno Miragem; e representantes dos hospitais Moinhos de Vento, Materno-Infantil Presidente Vargas, Independência, Divina Providência, Ernesto Dornelles, Pronto Socorro, São Lucas da PUC, Grupo Hospitalar Conceição, Associação Hospitalar Vila Nova, Hospital Restinga e Extremo-Sul, Associação Educadora São Carlos e Instituto de Cardiologia; do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), da PUCRS, Unisinos e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Novo recorde de ocupação de UTI

O número de internados em UTIs de Porto Alegre por conta do novo coronavírus ultrapassou os 300, no início da tarde desta sexta-feira. Pelo menos 301 pacientes com algum sintoma da doença recebiam atendimento em estado grave, e 260 deles com diagnóstico confirmado. Outros 41 seguem aguardando o laudo.

A Capital já contabiliza 197 mortes por Covid-19 até a tarde desta sexta-feira.


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