Mediação entre motoristas de aplicativo e empresas delibera novos encontros

Mediação entre motoristas de aplicativo e empresas delibera novos encontros

Sessão serviu para os trabalhadores apresentarem suas reivindicações e condições de trabalho

Christian Bueller

Representações jurídicas de Uber, 99 Pop e Indriver se fizeram presentes, o que agradou aos motoristas

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O primeiro encontro de mediação entre entidades de motoristas de aplicativo e representantes das empresas ocorreu, nesta terça-feira, de forma virtual em uma reunião do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4). Conduzida pelo juiz Joe Ernando Deszuta, a sessão serviu para os trabalhadores apresentarem suas reivindicações e condições de trabalho, agravadas pela pandemia do coronavírus. E outras mediações virão. 

Representações jurídicas de Uber, 99 Pop e Indriver se fizeram presentes, o que agradou aos motoristas, que buscam diálogo direto mais efetivo desde a implantação da plataforma no Rio Grande do Sul, em 2015.

Alegando dificuldades de agenda, as empresas não compareceram à audiência da Comissão de Segurança Urbana, Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, da Câmara Municipal de Porto Alegre, no último dia 9 de março. “Estamos muito frustrados com a falta de compromisso da empresa Cabify que não esteve presente na reunião”, contou Germano Weschenfelder, presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo do RS (Simtrapli-RS), que solicitou a mediação. 

Apesar de as empresas não considerarem o TRT-4 o foro adequado para discutir o tema por não considerarem a relação com os motoristas como um contrato trabalhista, mas sim, comercial, foi decidido que haverá outros encontros, ainda sem data marcada. No entanto, serão mediações separadas, cada uma tratando do contexto de cada empresa, pelas eventuais diferenças entre as especificidades das companhias.

“Queremos o reajuste do valor do quilômetro rodado, que já estava defasado e ficou ainda menor diante dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, e o fim das promoções (99 Poupa e Uber Promo) que reduzem os ganhos dos trabalhadores”, afirma a secretária-geral do Simtrapli-RS, Carina Trindade. “Tem colegas que acabam trabalhando 12, 14 e até 16 horas por dia para pagarem as suas contas, o que é desumano”, destaca. 

Dois pontos incomodam os motoristas: o valor do quilômetro rodado, que era de R$ 1,25 em 2015. Seis anos depois, os aplicativos pagam R$ 0,95 na Capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana. Outra questão é que, no início, havia um desconto de 25% nas corridas. Agora esse percentual varia entre 25% e 40%. Os custos aumentaram, mas a remuneração dos trabalhadores diminuiu. “Esperamos conseguir o nosso reajuste, senão vamos voltar a paralisar nas ruas do Rio Grande do Sul inteiro”, alertou Germano Weschenfelder. 


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