Menos de um ano após ser inaugurada, nova Ponte do Guaíba apresenta sinais de abandono
Além de servir como abrigo para pessoas em vulnerabilidade, estrutura inacabada possui pichações e marcas de queimaduras de fogo
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A nova Ponte do Guaíba é uma importante obra viária para o Rio Grande do Sul. Inaugurada em 10 de dezembro de 2020, além de desafogar o trânsito de Porto Alegre, a travessia serve como alternativa de ligação da Capital com a Região Sul do Estado. Possui uma extensão de 12,3 quilômetros com um total de cinco quilômetros em acessos e 7,3 quilômetros em pontos como ponte sobre os canais navegáveis, elevadas e viadutos. A estrutura possui cerca de 28 metros de largura, em pista dupla com duas faixas de tráfego (em cada sentido), com acostamento e espaço para refúgio. Porém, apesar dessa pujança, a ponte ainda carece de melhorias e tem sido alvo de pichações e queimaduras de fogo em algumas alças, que também servem de abrigo para pessoas.
Para quem passou nesta quinta-feira pela rótula da rua Voluntários da Pátria com a Dona Teodora, percebia que as obras estão paralisadas, o que acontece desde o final do ano passado. Mas havia um trator e um equipamento de elevação sendo utilizados por funcionários da Construtora Queiroz Galvão. Parecia que estavam inspecionando parte da estrutura. Dezenas de vigas de sustentação da ponte podiam ser vistas no chão.
A construção foi inaugurada sem a entrega de quatro das sete alças da travessia. Nas alças da região perto da Vila Areia há diversas pichações e partes queimadas, além de pessoas vivendo de modo improvisado. Um casal estendeu lençóis e desfruta de privacidade, inclusive com sofá e armário no abrigo improvisado. Poucos metros à esquerda desse local, há outros moradores e é possível ver colchões e lonas.
Menos de um ano após sua inauguração, a estrutura começa a exibir aspectos de abandono pelo Poder Público. “A continuidade das obras visando a conclusão dos quatro ramos de acesso deve ser inserida na futura concessão das BR 116 e 290. Assim informações relacionadas a esse tema aguardam essas definições”, informou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit/RS). A remoção das famílias das vilas Tio Zeca e Areia também vai ficar a cargo da concessionária.
A nova travessia funciona como uma alternativa à ponte Getúlio Vargas, que existe desde 1957 e tem um vão móvel que precisa ser elevado quando um navio de grande porte precisa passar sob ela. Quando esses içamentos acontecem, o trânsito é interrompido e causa filas de carros nos dois sentidos entre a Capital e a Região Sul. “A nova Ponte do Guaíba está 97% concluída e em operação. Até o momento foram investidos no empreendimento cerca de R$ 820 milhões”, relata o Dnit/RS.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou, no final de agosto, que a conclusão das alças de acesso integrarão um programa de concessão de Porto Alegre a Camaquã na BR 116 e BR 290, seguindo até Caçapava do Sul. O governo federal pretende fazer a licitação no próximo ano. Cerca de 50 mil veículos passarão diariamente pela nova estrutura quando todas as obras estiverem finalizadas. Hoje, aproximadamente 40 mil automóveis transitam por dia pela ponte.