Ministérios Públicos alertam prefeitura sobre situação da saúde da família

Ministérios Públicos alertam prefeitura sobre situação da saúde da família

Notificação recomendatória enfatiza à gestão Marchezan que serviços não podem ser totalmente terceirizados

Correio do Povo

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Uma notificação recomendatória foi encaminhada ao prefeito Nelson Marchezan Júnior, ao secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, e ao procurador-geral de Porto Alegre, Nelson Nemo Franchini Marisco, com relação à prestação dos serviços da Estratégia de Saúde da Família e também está vinculada com a extinção do Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família (Imesf). O documento expõe considerações a respeito do tema e recomenda que sejam tomadas providências no sentido de manter a prestação de serviços.

No documento consta a informação de que o município pode terceirizar serviços públicos de saúde, mas desde que isso ocorra de forma complementar. “É possível a terceirização de serviços públicos de saúde, vedada, entretanto, a transferência integral da gestão da saúde pública a terceiros privados”. Além disso, informa que a portaria 2.048/2009 do Ministério da Saúde não impede a terceirização, mas as atividades de agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias devem ser realizadas por servidores admitidos mediante processo seletivo público.

A notificação foi elaborada pelo Ministério Público do RS (MP-RS), Ministério Público de Contas do RS (MPC/RS), Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público Federal (MPF). O Executivo tem cinco dias úteis para responder sobre o teor do documento. A descontinuidade dos serviços é uma preocupação dos ramos do Ministério Público, explicou o procurador do trabalho e coordenador regional de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Administração Pública, Gilson Luiz Laydner de Azevedo. “No caso do MPT, também nos preocupa a questão trabalhista desses servidores que foram admitidos através de concursos públicos. Nos preocupamos com os profissionais, com a população e com a forma que o município vai escolher para manter esses serviços”, reiterou.

Segundo ele, existe possibilidade de negociação para que se mantenha mais um tempo o Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família (Imesf). “Se o Instituto tiver que ser extinto, que não seja de uma hora para a outra”, enfatizou, lembrando que todos os ramos do MP demonstram preocupação com “uma intenção em passar para a iniciativa privada praticamente toda a área de atenção básica à saúde”.

Ainda conforme ele, a notificação recomendatória busca o cumprimento do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado, em 3 de setembro de 2007, pelo Município de Porto Alegre, por meio do qual, "em síntese, o ente público se compromete a abster-se de contratar profissionais, para a área de atenção básica de saúde, incluindo a função de agente comunitário de saúde e demais trabalhadores vinculados à saúde da família, a qualquer título, sem a realização de concurso público ou processo seletivo público".

Contraponto da prefeitura

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre assume seu papel de cumprir com os preceitos constitucionais e legais, e informa que acatará a recomendação que determina a transferência dos serviços da gestão de parcela de serviços essenciais de saúde à organizações da sociedade civil, desde que apenas de forma complementar. Nesse sentido, desde já, esclarece-se que 71% dos recursos destinados à Saúde pelo município de Porto Alegre são endereçados as mais variadas áreas através da Administração Pública Direta (como HPS, HMIPV, APS e PAs) ou Indireta (como GHC e HCPA).

Complementarmente, apenas 29% dos dispêndios em saúde no município de Porto Alegre são destinados à instituições privadas, a esmagadora maioria filantrópicas, sem fins lucrativos (e até seculares) como a Santa Casa, o Hospital São Lucas, o Instituto de Cardiologia, Associação Educadora São Carlos (administradora do Hospital Santa Ana e de diversos Centros de Atenção Psicossocial do município), Associação Hospitalar Vila Nova, Banco de Olhos, Hospital Espírita. Com relação aos agentes comunitários de saúde e de endemias a Secretaria trabalha com o projeto de contratação na administração direta através de processo seletivo.


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