Mobilização impede corte de guapuruvu em Porto Alegre

Mobilização impede corte de guapuruvu em Porto Alegre

Manifestantes alegaram que o tronco estava em boas condições e deveria ser preservado

Felipe Samuel

Ambientalistas alegam que tronco se encontra em boas condições

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A mobilização de um grupo de ambientalistas no fim de semana impediu o corte de um guapuruvu na rua 24 de Outubro, no bairro Independência, e suspendeu o trabalho dos técnicos da empresa contratada para o serviço. Os manifestantes alegam que o tronco, que tem cerca de 1,3 metro de diâmetro e 26 metros de altura, está em boas condições e deve ser preservado.

Eles afirmaram, ainda, que os funcionários não dispunham do laudo técnico para seguir com a atividade. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) informa que a queda de um galho em cima de um carro, em novembro de 2019, motivou o pedido de supressão.
 
Conforme a Smams, em vistoria, foi constatada uma "lesão aberta de grandes proporções, gerada pela queda do galho, e que  se localiza na base de outros ramos de grande porte da copa, com potencial de enfraquecimento da sustentação e sério risco de novos acidentes". A secretaria reforça que, com base no laudo técnico, a Autorização Especial para Remoção de Vegetal (AERV) foi emitida em março deste ano. Coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá), o biólogo Paulo Brack foi ao local e garantiu que a árvore não apresenta sinais de apodrecimento.

De acordo com Brack - que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) -, a mobilização no local foi reforçada no sábado e no domingo. O biólogo aponta falhas no laudo, que tem "precariedade na análise", e cobra um novo estudo sobre o guapuruvu. "Queremos uma nova avaliação porque verificamos que a árvore está em boas condições", ressalta. Ele frisa que o fato de um galho ter caído não significa que toda a árvore esteja comprometida. "Não verificamos nenhum desses galhos cortados comprometido, nenhum deles indicava que a árvore estava comprometida no tronco", completa.

Conforme Brack, a espécie deve ter pelo menos cinquenta anos. Ele destaca ainda que existe uma liminar na Justiça pedindo para suspender a supressão e pedindo um novo laudo técnico. "Se a árvore estiver comprovadamente comprometida, com sinais vitais comprometidos, não temos o que fazer. Mas os técnicos estavam sem autorização para fazer o corte", reforça. Em nota, a Smams atenta que a autorização para a supressão do guapuruvu em questão, assim como de qualquer outra árvore, apenas é concedida após análise técnica. 

A secretaria informa que a análise para emissão da autorização é realizada por técnico habilitado da Smams e pelo laudo técnico de supressão vegetal apresentado pelo responsável técnico do requerente. "O processo permite que sejam avaliadas as condições estruturais do vegetal e os riscos que ele pode oferecer ao espaço em que está inserido e às pessoas que por ele circulam. Ou seja, são avaliadas questões que vão além do que se pode deduzir apenas pelo aspecto visual externo", completa a nota. 

Em relação às informações sobre condução inadequada do manejo por parte da empresa responsável, que estariam fora de conformidade com a autorização emitida, a Smam ressalta que a equipe de fiscalização está atenta às denúncias e que, caso identificadas irregularidades, autuação poderá ser expedida. Segundo a Smams, a compensação para a supressão da árvore foi calculada em seis mudas nativas. 


 


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