Moradores buscam alternativa para falta de água na Ilha do Pavão, em Porto Alegre

Moradores buscam alternativa para falta de água na Ilha do Pavão, em Porto Alegre

Associação está arrecadando fundos para criação de poço artesanal

Cláudio Isaías

Associação fez uma "vaquinha virtual" para arrecadar fundos para criação de poço artesanal

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Com o calor dos últimos dias, e muitas vezes com temperaturas que passaram dos 30 graus, os moradores da Ilha do Pavão acabam por sofrer com a falta de água. Para piorar a situação, as 136 famílias (aproximadamente 830 pessoas) que vivem no local não conseguem muitas vezes lavar as mãos - uma das recomendações das autoridades de saúde para combater o coronavírus. No local, vivem ainda 111 crianças e 75 adolescentes.

A presidente da Associação de Moradores da Ilha do Pavão, Sandra Ferreira, disse que a falta de água na ilha é um problema crônico enfrentados pela comunidade. "Esse ano se intensificou. Tem semanas que ficamos sem nada de  água. Desde de dezembro do ano passado essa situação se intensificou. Estamos muito chateados porque os moradores se tornaram invisíveis. O poder público municipal não enxerga a gente e o problema ", ressaltou.

Segundo Sandra Ferreira, em um momento de pandemia da Covid-19, os moradores não conseguem fazer o básico que é lavar as mãos porque não tem água. "Não temos água para beber, para lavar as mãos, a casa, a roupa e a casa.  Tem dias que a água nas primeiras horas da manhã e vai embora", lamentou. Conforme ela, quem consegue juntar a água tem a oportunidade de fazer um almoço ou tomar um banho rápido. A líder comunitária lembrou ainda que sempre existe uma desculpa da prefeitura de que quebrou o cano, de que queimou o gerador ou que o reservatório está baixo. 

Cansados das explicações, a comunidade da Ilha do Pavão, com apoio da ONG Misturaí, decidiu fazer uma "vaquinha Online" para obter recursos financeiros para realizar a perfuração de um poço artesiano na região. "Não temos condições de continuar dessa forma, ou seja, sem água. Estamos esquecidos. As pessoas precisam nos enxergar", acrescentou.

As moradoras Cristina de Almeida Cardoso e Noemia Severo, que moram há mais de 20 anos na rua A, afirmaram que estão cansadas de sofrer com a falta de água na Ilha do Pavão. "Tem dias que não tem água das 7h30min às 21h30min. Tem que ficar correndo na associação para pegar as garrafas ou bambonas com água que estão no estoque", explicou. Noemia Severo lembrou que a situação está muito difícil. "Não conseguimos fazer as coisas básicas que é tomar um banho, fazer uma comida ou simplesmente beber um copo de água", lamentou.

Conforme Sandra Ferreira, a solução mais rápida é perfurar um poço, no valor de R$ 8.640 mil, para garantir o abastecimento na comunidade. Para ajudar acesse o link. A presidente da associação informou que entrou em contato com o Dmae, que explicou que os reservatórios de água da cidade andam baixíssimos.

"A Ilha do Pavão, por ser uma das mais distantes do reservatório da prefeitura, sempre é a mais atingida", explicou. Os moradores chegam a ficar uma semana sem abastecimento de água. Com a inconstância no abastecimento, o jeito tem sido armazenar água em baldes, garrafas e galões. Alguns aguardam a madrugada para conseguir lavar roupas. A prefeitura tem enviado caminhões-pipa aos moradores da região. O valor de R$ 8,6 mil inclui, além da perfuração do poço, materiais necessários para o seu uso: uma caixa d´água, encanamento e motor. O trabalho do profissional de Geologia ou Engenharia de Minas para construção e regularização do poço junto ao Sistema de Outorga (Sioutrs) será feito de forma voluntária. Até a manhã de ontem, os moradores haviam arrecadado a quantia de R$ 5,5 mil para a construção do poço artesiano.  

 


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