Moradores de Porto Alegre sofrem com falta de água

Moradores de Porto Alegre sofrem com falta de água

Famílias acabam gastando bastante dinheiro na compra de galões para o uso doméstico

Taís Teixeira

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Há pelo menos três dias, moradores do bairro São José sofrem com a falta de água. Nesta terça-feira pela manhã, o autônomo Jéferson César Moreira de Campo carregava galões de água para o consumo da família. “Estamos há dias sem água nem de dia e nem de noite e somos três famílias no mesmo local”, contou. Essa situação já afetou o bolso. “Por dia, estamos gastando em média R$ 200 na compra de água para beber, para o cachorro, para fazer comida, para higiene”, relatou.

A falta de água começou no domingo com a pancada de chuva que caiu em Porto Alegre, provocou falta de energia elétrica e danificou a Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) São Manoel, no bairro Santana, na Capital, do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE).

Segundo o DMAE, quando a energia retornou, uma tubulação interna rompeu abaixo do nível do solo, exigindo escavação e remoção do piso, além da drenagem demorada da caixa de sucção da estação. A parada da estação afetou o abastecimento dos bairros Jardim Carvalho, Boa Vista, Jardim Ipê, Vila Jardim, Vila Fátima Pinto, Cefer 1 e 2, Lomba do Pinheiro, Aparício Borges, Jardim Botânico, Partenon, Santana, Santo Antônio, Jardim do Salso, Jardim Carvalho, São José, São José Comunitária, Agronomia, Vila dos Sargentos, Hospital Independência, Intercap, Campo da Tuca e Vila João Pessoa. Já estão em processo de normalização os bairros Bom Jesus, Petrópolis, Três Figueiras e Chácara das Pedras.

O aposentado José Ivo Trindade, morador do São José, disse que ligou para o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) contando a situação. Ainda hoje, pela manhã, foi enviado um caminhão-pipa pelo DMAE, que depositou a água em duas caixas d 'água da Escola Municipal Morro da Cruz. Carregados de baldes e de garrafas pets, os moradores foram até o local buscar água. “Tenho poço na minha casa e ajudei cerca de 300 vizinhos com água ontem”, destacou Trindade.

Além desse, mais caminhões-pipa foram enviados pelo DMAE em auxílio às comunidades da zona Leste de Porto Alegre, como os bairros Partenon, Coronel Aparício Borges, São José, São José Comunitária e Vila João Pessoa, que seguiam sem água pela manhã. O problema foi acentuado porque a Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) São José II  sofreu um curto-circuito ao ser religada após a queda de luz, o que afetou na distribuição de água.

O retorno da água é lento em função do consumo elevado e a previsão é normalizar completamente o serviço ao longo desta terça. Durante a manhã, caminhões já foram enviados a duas Unidades de Saúde (Vila Vargas e Vila Pinto) e ao Presídio Central.

Após os danos, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) imediatamente mobilizou equipes de quatro áreas operacionais distintas. O conserto foi finalizado na noite desta segunda-feira. Além da Ebat São José II que segue parada, a Ebat Carlos Gomes que estava parada aguardando nível para retomar o bombeamento foi religada por volta das 8h50 de hoje. A previsão do DMAE é que a situação se normalizasse ainda na segunda.

Louça acumulada

Moradora há 25 anos, do bairro Lomba do Pinheiro, a manicure Viviane Marques, estava angustiada com a louça acumulada na pia da cozinha. “Estamos desde antes do Natal sem água”, contou. Ela entende que a falta de água no bairro já se tornou um problema crônico. “Sempre que começa a esquentar, ficamos sem água, é uma agonia”, enfatizou.

Segundo a moradora, essa situação permanece durante todo o verão. “Temos que comprar água, o que sai caro, nem trabalhar consigo sem água”, contou a manicure que tem um salão em uma das peças da casa. O banho tem sido de balde e a alimentação à base de lanches. “Economizamos água e acabamos fazendo mais lanches, muito pão e mortadela”, enfatizou.

Viviane Marques, moradora da Lomba do Pinheiro, disse estar agoniada com a louça acumulada | Foto: Alina Souza 

A mãe de Viviane, que mora na casa dos fundos do mesmo terreno, junto com o irmão da manicure e com a cunhada, teve que sair de Porto Alegre. “Achamos melhor ela ir para a casa de um outro irmão que mora em Camaquã até se regularizar isso”, mencionou.

A irmã de Viviane, a dona de casa Iara Dias, que mora numa rua mais acima no mesmo bairro, contou que a água voltou ontem de manhã na região. “Era escura, barrosa e cheirava mal, não dava para usar”, ressaltou. Moradora da região também há 25 anos, ela reiterou as palavras da irmã. “Estamos sempre sem água no verão, mas dessa vez está pior porque não tem água durante o dia inteiro, só de noite e muitas vezes de madrugada”, detalhou.


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