“Não é se, mas sim quando a variante delta será predominante no RS”, alerta pesquisador

“Não é se, mas sim quando a variante delta será predominante no RS”, alerta pesquisador

Professor da Ufrgs, Álvaro Kruger Ramos reitera necessidade de controlar a transmissão para evitar cenário dramático de março

Vítor Figueiró

Avanço da vacinação é essencial para que nova variante não se espalhe de maneira preocupante

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Sem controlar a transmissão da Covid-19, o Rio Grande do Sul e o Brasil podem repetir ou até superar o cenário dramático vivido em março de 2021, quando o sistema de saúde colapsou e a pandemia atingiu os patamares mais elevados após explosão de casos com a variante gamma (P.1). A projeção é feita pelo professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Álvaro Kruger Ramos, que elaborou um estudo sobre o atual momento da pandemia, ações necessárias e os riscos da variante delta – que ainda não chegou ao território gaúcho, mas já aparece em algumas regiões do país.

- Acesso o estudo na íntegra

Na avaliação de Kruger, os cuidados são uma maneira de se antecipar, pois o Estado vive um momento semelhante ao registrado em janeiro deste ano com ocupações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reduzindo, mas casos e mortes em estabilidade. No entanto, à época, assim como o analisado no estudo, a variante gamma entrou no RS e provocou uma rápida aceleração nas infecções a partir de fevereiro.

Conforme avaliado na publicação, agir neste momento e aumentar a conscientização sobre a doença para reduzir a transmissão da Covid-19 tem potencial de impedir até 5,5 milhões de contágios e 154.142 mortes nos próximos 90 dias em todo o Brasil. Desde o início da pandemia, o país já registrou 18,6 milhões de casos e quase 522 mil óbitos. 

“O controle de transmissão é o mais importante. Deste modo, é possível evitar novas mutações, como a delta plus, que já existe na Índia. No atual estágio, é essencial que se impeça que ela espalhe rapidamente. Ela, naturalmente, vai espalhar. Não é se, mas sim quando ela será predominante no RS e no Brasil”, afirmou o professor. “Porém, enquanto isso demora, estamos vacinando e isso fará com que o vírus avance de maneira mais difícil”, explicou Kruger. “A delta é um risco iminente. O problema é que quando se troca a cepa predominante, é como se o vírus entrasse pelas rachaduras da barreira imunológica de quem já teve a doença e aumente o número de vulneráveis.”

Atualização de protocolos

O pesquisador explica que o momento atual exige cautela nas ações, que não devem ser drásticas, mas que não é possível abrir mãos de medidas fundamentais para retardar a chegada da variante delta. “Algumas possíveis ações são maior testagem, testagem de maior qualidade. Ainda usamos muito os testes rápidos, que podem acabar falhando eventualmente. Outro ponto, seria a rastreabilidade dos contatos de quem está infectado. Isso é fundamental na prevenção de surtos”, pontuou.

Krüger também chama atenção para uma atualização nos protocolos de saúde no combate ao coronavírus: “O álcool-gel ainda é necessário, mas já não está entre os mais importantes. É preciso que se atualize as informações nos protocolos: ambientes arejados, máscaras de boa qualidade com a PFF2 e o distanciamento social”. 

Medida adotada pela Prefeitura de Porto Alegre, a barreira sanitária – que será retomada em outro formato – também é considerado necessária pelo professor. “É uma ação que capacita a identificação de casos de novas cepas e permite um maior controle. Isso se dá se os parceiros de voô também forem testados.” 

A abordagem defendida pelo pesquisador da Ufrgs – de ações leves e preventivas à infecção – permite que se “neutralize” os efeitos danosos da variante delta quando ela chegar ao RS, segundo ele. “Onde ela chegou no mundo, se tornou predominante. É mais transmissível e pode reinfectar quem já teve as outras variantes. Ainda não se sabe sobre escapar das vacinas, e retardar isso é salvar vidas”, reiterou.

Deste modo, seria possível avançar na vacinação e manter ou até reduzir o atual momento de transmissão mais controlado especialmente em algumas regiões do Rio Grande do Sul e em Porto Alegre: “Evitaríamos o cenário que passamos em março e chegaríamos perto de patamares realmente bem baixos de contaminação”.


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