Número de mortes por Covid-19 no RS pode ser cinco vezes maior, aponta estudo

Número de mortes por Covid-19 no RS pode ser cinco vezes maior, aponta estudo

Governo do Estado esclarece que o número de óbitos por SRAG será sempre maior do que de Covid-19 de coronavírus pois estão incluídos todas as demais causas investigadas

Felipe Samuel

Número de mortes por Covid-19 pode ser até cinco vezes maior

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O número de mortes em decorrência do novo coronavírus pode ser até cinco vezes maior no Rio Grande do Sul do que os registrados oficiais do governo. É o que aponta estudo realizado pela assessoria técnica da deputada estadual Luciana Genro e do vereador Roberto Robaina, ambos do PSol, apresentado nesta sexta-feira por videoconferência. Para os parlamentares, pode estar havendo elevado número de subnotificações de óbitos por Covid-19, com aumento dos registros de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). 

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação, esclarece que "o número de óbitos totais por SRAG será sempre maior do que o de coronavírus, pois dentro desse valor estão incluídos todas as demais causas investigadas (vírus influenza A e B, para influenza, adenovírus e outros), além de um número de amostras nas quais não é possível identificar o agente causador da infecção."

O levantamento, que analisou dados de 1° de março a 9 de junho, de 2017 a 2020, revela que foram registrados 1.024 óbitos no Estado, este ano, durante aquele período, por SRAG. No ano passado, no mesmo período, ocorreram 84 mortes por SRAG. Conforme estudo, que utiliza dados do site do Ministério da Saúde e dos boletins das secretarias estadual e municipal de Saúde, nos últimos três anos, a média de mortes por SRAG, naquele período, ficou em 113. 

Luciana ressalta que o estudo não leva em consideração o número de mortes confirmadas pela doença no RS. A deputada afirma que os dados mostram aumento desproporcional das mortes por SRAG em todo RS. "Existe possibilidade muito grande de subnotificação no número de mortes, e não apenas de caso de SRAG, que é muito superior à média dos últimos três anos em 2020. Isso mostra discrepância de números", justifica.

De acordo com estudo, na Capital, nos últimos três anos, naquele período, a média de mortes por SRAG foi de 64 mortes. Este ano, no mesmo período, foram 245 mortes. "Ou seja, 3,79 vezes mais mortes do que tivemos nos últimos três anos", acrescenta a parlamentar. Além de encaminhar o relatório do estudo ao reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, Robaina criticou a condução da saúde pelo governo federal e reforçou a importância de buscar informações precisas sobre as subnotificações no país. 

Ele destacou o trabalho de pesquisa da universidade, que se tornou referência no país no monitoramento de casos da doença. "Nosso objetivo é fortalecer a consciência na sociedade de que o problema é grave, e insistir na necessidade de testes. Não tem como ter planejamento sem testes", avalia. Dirigente do PSOL em Pelotas, Jurandir Silva afirma que as pesquisas que a Ufpel está utilizando já 'trazem informação gravíssima' de subnotificação de pessoas contaminadas pela Covid-19. "A informação que trazemos de subnotificações aponta número absurdo de óbitos", acrescenta.

Hallal garantiu que vai encaminhar o estudo aos pesquisadores da universidade. Não é uma situação inédita, tivemos situação idêntica a essa no estado do Amazonas, quando divulgamos nossa pesquisa", frisa. Ele garantiu os dados serão avaliados por epidemiologistas da Ufpel. "Estamos lidando com isso desde início da pandemia. O grupo da Ufpel vai analisar dados apresentados, checar informações, o que é habitual em pesquisas. Nos manifestaremos em breve", conclui.

Esclarecimentos do governo do Estado

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação, esclarece que "são considerados suspeitos para a Covid-19 e outras infecções todos os casos de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Nessas situações, os pacientes têm amostras de secreções das vias aéreas encaminhadas para análise laboratorial. Neste momento de pandemia, o Laboratório Central do Estado (Lacen) prioriza os exames para detecção da Covid-19, que são feitos em um prazo de até 48 horas após a chegada do material". Com este procedimento, "se detectada a presença do vírus, o caso passa da condição de suspeito para a de confirmado de Covid-19 nas estatísticas oficiais."
 
A seguir a nota na íntegra do governo do Estado.  
 
1 - Sobre a especulação em relação ao número de mortes por Covid ser menor em virtude de uma testagem reduzida, a SECOM esclarece que são considerados suspeitos para a Covid-19 e outras infecções todos os casos de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Nessas situações, os pacientes têm amostras de secreções das vias aéreas encaminhadas para análise laboratorial. Neste momento de pandemia, o Laboratório Central do Estado (Lacen) prioriza os exames para detecção da Covid-19, que são feitos em um prazo de até 48 horas após a chegada do material. As amostras cujos resultados dos exames deram negativo para Covid-19 são submetidas a novos exames para a detecção de outros vírus. Assim, o número de óbitos totais por SRAG será sempre maior do que o de coronavírus, pois dentro desse valor estão incluídos todas as demais causas investigadas (vírus influenza A e B, para influenza, adenovírus e outros), além de um número de amostras nas quais não é possível identificar o agente causador da infecção. Neste ano, até o dia 6/6, o Rio Grande do Sul já havia registrado 7.688 casos de hospitalizações por SRAG. Desses, 1.866 já haviam sido confirmados para Covid-19, enquanto 5.432 foram descartados e outros 390 permaneciam em investigação. Entre os 1.866 casos de internação com resultado positivo para o novo coronavírus, 286 evoluíram para óbito. Essa análise de acompanhamento das Síndromes Respiratórias Agudas Graves é semanalmente atualizada pela Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul na página especial sobra a Covid-19, no endereço coronavirus.rs.gov.br/informe-epidemiologico. O número de casos de Covid-19 no RS e quantos deles são SRAG (ou seja, necessitaram hospitalização) são diariamente publicados em ti.saude.rs.gov.br/covid19. Por isso, hoje, o painel já apresenta esse dado atualizado de 1.873 casos de hospitalizações e 302 óbitos.
 
2 - O número de internações em leitos de UTI, inclusive, compõe um dos indicadores para as atualizações semanais do modelo de Distanciamento Controlado para medir o ritmo de avanço da pandemia e a capacidade de atendimento.
 
3 - O governo do Estado não esconde ou omite o número de mortes. O RS é exemplo de transparência na divulgação dos dados e considera que a precisão das estatísticas é fundamental para a elaboração das políticas públicas. Com as recentes atualizações no portal, o Estado aparece nas primeiras posições nos recentes rankings divulgados com base na análise das divulgações das informações relacionadas à Covid-19.

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