Na ausência de abelhas, bolhas de sabão podem polinizar árvores frutíferas, diz estudo

Na ausência de abelhas, bolhas de sabão podem polinizar árvores frutíferas, diz estudo

Cientista teve a ideia de usar bolhas de sabão enquanto brincava em um parque com seu filho

AFP

"Parece um pouco fantasioso, mas a bolha de sabão permite uma polinização eficaz", disse Miyako

publicidade

Drones que lançam bolhas de sabão podem ser usados para polinizar árvores frutíferas, atualmente ameaçadas pela diminuição sem precedentes da população de abelhas, segundo estudo japonês publicado nesta quarta-feira na revista americana iScience.

Eijiro Miyako, professor do Instituto Avançado de Ciências do Japão e autor da pesquisa, trabalha há vários anos com robôs de polinização, mas eles acabavam por esmagar as flores. "Era muito triste", conta ele à AFP. O cientista teve então a ideia de usar bolhas de sabão, enquanto brincava em um parque com seu filho de três anos de idade.

Miyako e Xi Yang, co-autores do estudo, analisaram bolhas de sabão em um microscópio, confirmando que elas poderiam transportar grãos de pólen. Eles então testaram os efeitos de cinco tensioativos disponíveis no mercado para fazer bolhas, incluindo a lauramidopropil betaína, usada na indústria cosmética por suas propriedades espumantes.

Os especialistas colocaram a solução espumosa em uma máquina de bolhas e pulverizaram as bolhas carregadas de pólen em um pomar de peras. A partir desse método, que tem cerca de 2.000 grãos de pólen por pulverização, conseguiu-se polinizar 95% das flores selecionadas. "Parece um pouco fantasioso, mas a bolha de sabão permite uma polinização eficaz, além de garantir um fruto de qualidade equivalente à da polinização manual convencional", explica Miyako.

Os pesquisadores então levaram seus experimentos para o céu, programando um pequeno drone para o lançamento de bolhas de sabão ao longo de uma determinada rota. Como as flores já não tinham mais flor, seu alvo foi um grupo de lírios falsos. Em um voo a dois metros do solo, a uma velocidade de dois metros por segundo, o dispositivo conseguiu atingir 90% das plantas de plástico.

Atualmente, Miyako está em contato com uma empresa para uma futura comercialização da técnica. No entanto, o pesquisador observou que a precisão do robô poderia ser melhorada, e que poderia-se adicionar a orientação automática das flores.

Este estudo é o primeiro a explorar as propriedades das bolhas de sabão no transporte de pólen, considerando o uso de drones autônomos. Seus autores esperam gerar um novo interesse nos métodos de polinização artificial.

 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895