Ocupação de UTIs em Porto Alegre tem acréscimo de 18 pacientes com Covid-19 em menos de 24 horas

Ocupação de UTIs em Porto Alegre tem acréscimo de 18 pacientes com Covid-19 em menos de 24 horas

Pacientes com a confirmação da doença representam 40,29% do total de internados nos leitos de terapia intensiva

Jessica Hübler

“O limitador entre a pessoa estar contaminada e a morte é o atendimento, que é bastante direcionado para a UTI”, ressalta Marchezan

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Pelo menos 18 novos pacientes confirmados da Covid-19 foram internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em menos de 24 horas. Na noite de quinta-feira o número era de 191 e, na tarde de sexta-feira, chegou a 209. Além disso, também estavam em UTIs pelo menos 38 pacientes com suspeita da doença, somando 247 internações relacionadas ao novo coronavírus, o que representava 40,29% do total de 613 pacientes internados.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto na Capital era de 84,79% na tarde desta sexta-feira. Os hospitais Conceição, Moinhos de Vento, Cristo Redentor e Restinga registravam lotação acima de 90%. Já os hospitais Porto Alegre e Independência estavam com a totalidade dos leitos ocupados.

A situação mais complicada foi verificada no Hospital Nossa Senhora de Conceição, que entre a manhã e o início da tarde de sexta-feira estava com 100% de lotação na ala de UTI destinada exclusivamente ao atendimento de pacientes com a Covid-19. Os 44 leitos estavam ocupados com 42 pacientes confirmados e dois com suspeita. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, havia 74 internações nas UTIs adulto da Covid-19, sendo 70 confirmados e quatro suspeitos, operava com lotação de 85.92%.

O diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Paz, informou que até o início da tarde a UTI Covid se manteve completamente lotada e que foi a segunda vez que isso aconteceu, a primeira foi na semana passada. “Agora estamos com uma vaga aberta, temos 43 leitos ocupados, uma taxa de 97.72%, pois conseguimos transferir um paciente para a enfermaria”, explicou. Segundo ele, o Conceição tem feito dessa forma. “Temos a nossa preocupação em manter o atendimento dentro das nossas possibilidades, por enquanto conseguimos continuar atendendo, mas é evidente que podemos chegar em um limite superior que não nos permita receber mais ninguém”, reforçou.

Além disso, Paz disse que na manhã de sexta-feira foi enviada um informativo para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e para os outros hospitais, pedindo que o Conceição ficasse 12 horas sem receber nenhum paciente, para que fosse possível arranjar tempo de reorganizar as vagas.

“Com isso fazemos alguns manejos, transferimos alguns pacientes, abrimos vaga na enfermaria, transferimos alguém da UTI para a enfermaria, até conseguir receber novos pacientes. Essa administração compete a nós”, esclareceu. Apesar das estratégias para conseguir garantir a liberação de vagas, Paz enfatizou que as equipes estão “vivendo sob tensão”. “No momento em que chegamos a 100% de ocupação das nossas vagas, isso nos deixa em estado de alerta máximo, mas não podemos inventar nada, vamos até onde a gente consegue ir”, assinalou.

Apesar do momento complicado, Paz comentou que o GHC já verificou uma diminuição nos atendimentos da UPA e do centro de triagem. “O número de pacientes teve um decréscimo nos últimos dois dias e isso pode ser um indicativo de que vai diminuir a demanda das UTIs nos próximos dias também, pelo menos essa é a nossa expectativa, não temos outra medida para tomar a não ser organizarmos melhor o espaço. Não temos como ampliar, não há recurso humano para isso no momento”, afirmou.

Paz ainda pontuou que os leitos de UTI destinados a pacientes que não estão relacionados à Covid-19 não podem ser fechados. “Essas pessoas continuam chegando no hospital, são pacientes oncológicos, com complicações cardiovasculares, tudo isso continua chegando, então temos que manter um número de leitos para atender a essa demanda também”, explicou. O GHC também conta com uma UTI recém aberta no Hospital Cristo Redentor, que está com a missão de servir de retaguarda para a UTI do Conceição.

“Se for necessário até podemos aumentar o número de leitos (no Cristo Redentor), mas seguimos na dependência das contratações de intensivistas, estamos buscando, mas por enquanto os nossos resultados são muito fracos”, declarou. Com a abertura de um concurso, o GHC conseguiu cinco profissionais para contratação. “Estamos providenciando, mas isso não é suficiente para que a gente possa abrir muitas vagas, é um recurso bem limitado”, reforçou. 

No Rio Grande do Sul, a taxa de ocupação dos 2.244 leitos era de 73,3% na tarde de sexta-feira. Entre os 1.644 pacientes internados em UTIs adulto, 515 tinham diagnóstico positivo da Covid-19 (31,3%) e 127 (7,7%) tinham suspeita ou outra Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Entre os dias 3 e 10 de julho, a taxa de ocupação no Estado se manteve entre 71,5% e 74,2%. Entre as macrorregiões do Estado, a mais preocupante era a Metropolitana, com taxa de ocupação em 79,8%. Dos 1.139 leitos de UTI adulto, 909 estavam ocupados, sendo 303 por pacientes confirmados da Covid-19 (33,3%) e 66 suspeitos ou outra Srag (7,3%).


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