Ocupação de UTIs recua, mas Covid ainda não foi vencida no Brasil, diz Fiocruz

Ocupação de UTIs recua, mas Covid ainda não foi vencida no Brasil, diz Fiocruz

Transmissão permanece alta e pode se intensificar com a expansão da variante Delta

AE

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Mais de 90% das unidades da Federação e 85% das capitais brasileiras estão fora da zona de alerta (abaixo de 60%) nas taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS, segundo a Fiocruz informou na manhã desta quinta-feira, 9. O indicador reflete, por mais uma semana consecutiva, a tendência geral de redução da incidência de casos graves, internações e mortalidade pela doença no Brasil.

O movimento é coerente com o avanço da vacinação em todo o País. Com 82% de UTIs ocupadas, Roraima é o único Estado na zona crítica, superior a 80%. Sua situação é considerada particular, porque tem poucos leitos disponíveis. O Rio teve queda no indicador, de 72% para 66%, o que o coloca em alerta intermediário.

De acordo com o documento, todos os demais Estados e o Distrito Federal estão fora da zona de alerta. A maioria apresenta taxas inferiores a 50%. Goiás deixou a zona de alerta intermediário. Algumas unidades - Rondônia, Pernambuco e Espírito Santo -apresentaram aumento um pouco mais expressivo nas taxas, em relação a 30 de agosto. Mas também tiveram redução significativa no número de leitos disponíveis. Outros onze Estados tiveram queda no número de leitos, de tamanhos variáveis. São eles: Pará, Amapá, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

Vinte e duas das capitais estão fora da zona de alerta. Nesse conjunto, destacam-se as quedas observadas em Fortaleza (60% para 55%) e Belo Horizonte (61% para 56%). Também tiveram queda Curitiba (75% para 65%), Porto Alegre (66% para 61%) e Goiânia (69% para 65%). As cidades do Rio de Janeiro e de Boa Vista permanecem na zona de alerta crítico.

"Ao longo da última Semana Epidemiológica (SE), de 29 de agosto a 4 de setembro, foi mantida a tendência de melhora de alguns dos indicadores usados para o monitoramento da pandemia de Covid-19 no Brasil", diz o texto. "Houve decréscimo do número de óbitos, que diminui a uma taxa de 1,3% ao dia, e apresenta uma média de 680 óbitos diários. A média diária de casos se situa em 24,6 mil casos confirmados por dia, com ritmo de redução de 1,9% do número de casos ao dia. "A Fiocruz, porém, adverte que a mortalidade pela doença (atualmente em 3%) ainda é alta, assim como a sua transmissão.

"Esses dados mostram que a transmissão permanece alta e pode se intensificar com a expansão da variante Delta (mais transmissível)", afirma o texto da edição do Boletim Extraordinário Covid-19. "A oscilação no número de casos diários reflete, em certa medida, um ambiente que tem sido propício para a transmissão da doença, na retomada de muitas atividades, envolvendo a circulação de pessoas e o uso de transporte público, além de trabalho e lazer."

O texto diz que a redução simultânea e proporcional dos indicadores demonstra que a campanha de vacinação está atingindo um dos seus principais objetivos: reduzir casos graves, internações e óbitos. Não é possível, porém, afirmar que há uma redução na transmissão da doença. O boletim lembra que os testes têm focado principalmente pessoas com suspeita de infecção e sintomas que oferecem risco aos pacientes.

"Dessa forma, o número de infectados assintomáticos e de casos leves pode ser bastante superior aos valores reportados oficialmente", afirma. "Na última a taxa de letalidade permaneceu em valores altos e se encontra em torno de 3%, o que também pode indicar o sub-registro de casos leves."

O boletim afirma que é preciso concluir "o mais brevemente possível", o esquema vacinal de todos os adultos acima de 18 anos. O texto defende ainda o início da vacinação de crianças e adolescentes (acima de 12 anos). Dados do MonitoraCovid-19 apontam que, considerando a população adulta, 85% foi imunizada com a primeira dose, e 42% com o esquema de vacinação completo.

"O País só estará protegido adequadamente se todos caminharem juntos, debatendo as alternativas e seguindo as orientações e o cronograma do PNI", prossegue o boletim. "Devido à manutenção da transmissão é fundamental reforçar as medidas de proteção individual e coletiva, como o uso de máscaras adequadas e a limitação de eventos e situações que provoquem aglomerações e maior exposição ao vírus."

O boletim lembra que os efeitos da Covid não se limitam aos casos graves e que exigem internações. De acordo com o texto, é "importante reduzir exposição, transmissão, infecções e casos até que a pandemia esteja sob controle, o que ainda não é o cenário atual".

 

 

 


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