Ocupação nas UTIs de Porto Alegre está estável, mas em nível elevado, avalia diretor da Santa Casa

Ocupação nas UTIs de Porto Alegre está estável, mas em nível elevado, avalia diretor da Santa Casa

Segundo Antonio Nocchi Kalil, ainda não é possível afirmar que o sistema hospitalar da Capital se encontra em um "platô"

Correio do Povo / Felipe Samuel

Em relação à Santa Casa, Kalil observa que a taxa de ocupação nos leitos de internação também segue alta, com todos 64 leitos ocupados

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Desde o começo da semana, a taxa de ocupação de leitos de UTIs dos hospitais da Capital permanece próxima de 90%, com os principais locais de atendimento para tratamento de Covid-19 operando quase que na totalidade de sua capacidade. Até o início da noite desta terça-feira, dos 715 leitos de UTIs ocupados - de um total de 827 - pouco mais da metade era de pacientes suspeitos (25) ou confirmados (335) para o novo coronavírus. Os hospitais Moinhos de Vento, Restinga e Pronto Socorro de Porto Alegre operavam com lotação total.

Apesar da taxa de ocupação dos leitos de UTIs da Capital atingir nesta terça-feira 88,49% no início da noite, o diretor médico da Santa Casa, Antonio Nocchi Kalil, explica que mesmo com aumento do número de leitos a população precisa manter os protocolos de higiene e prevenção estabelecidos pelas autoridades de saúde, como distanciamento social, uso de máscaras de proteção e álcool em gel. Ele alerta que a Santa Casa, por exemplo, registrava terça-feira ocupação dos leitos de UTI superior a 83%. Dos 118 pacientes internados no hospital, 77 eram suspeitos ou testaram positivo para o novo coronavírus. "Embora tenha aumentado os pacientes em UTI, a situação continua relativamente estável num nível elevado. Isso não significa que a gente esteja com tudo resolvido", alerta.

Em relação à Santa Casa, Kalil observa que a taxa de ocupação nos leitos de internação também segue alta, com todos 64 leitos ocupados. "Dizer com certeza se estamos no platô ou se estamos diminuindo parece bem arriscado. O que se observa em alguns dias é a estabilização num nível alto. É um dado positivo, mas não significa que a coisa está totalmente resolvida, até porque sinais dessa abertura (do comércio), que ocorreu há 7 dias, vamos ver até o final dessa semana", projeta. Mais do que levar em consideração a realidade da Capital, Kalil salienta que boa parte dos pacientes na Capital vêm de municípios da Região Metropolitana. "Cerca de 40% dos internados na nossa UTI são da Região Metropolitana ou do interior. Moradores de Porto Alegre representam cerca de 60%", compara.

Embora reconheça que restaurantes e bares enfrentam situação econômica "quase insustentável", Kalil reforça o apelo para que a população evite aglomerações e mantenha cuidados de higiene. Ele lembra que mesmo com a abertura de novos leitos de UTI, a capacidade de expansão está no limite. "Existem outras doenças que precisam ser tratadas. Estamos chegando num momento que não dá para suportar, pois têm pacientes querendo voltar a fazer tratamentos, outros que precisam de transplantes de rim e medula. E isso demanda leitos de UTI, não podemos usar todos para Covid-19", frisa. "As pessoas têm que se conscientizar disso, adotando cuidados estamos ajudando não só a diminuir a contaminação da Covid-19 e a ocupação de leitos, mas permitindo que pacientes com outras doenças que precisam de UTI sejam atendidos", completa.

Ainda que lentamente, pesquisador da UFRGS vê diminuição na notificação de novos casos

Segundo o doutor em matemática Álvaro Krüger Ramos, professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do RS (UFRGS), os dados atuais fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicam não somente um "platô", mas uma diminuição, ainda que lenta, no aumento de novos casos da Covid-19 em Porto Alegre. "Nossos números vêm mostrando algo até melhor que um platô, estão apontando para uma certa desaceleração no número de contaminações. Isto pode ser reflexo de um maior represamento ou na diminuição da testagem, por isso é preciso ficar atento para se ter certeza", afirma.

O professor reitera que o patamar de confirmações ainda é "alto", mas apresenta tendência de queda, com o auge de contaminações na cidade tendo sido entre 05 e 11 de julho. "Temos que ver se com a abertura esta tendência vai se manter ou se vai reverter e voltar a acelerar", ressalta.


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