OMS adverte sobre aumento de infecções de HIV entre homossexuais

OMS adverte sobre aumento de infecções de HIV entre homossexuais

Autoridades de saúde recomendam que todos os grupos de risco tomem antirretrovirais

AFP

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As infecções do vírus da Aids estão aumentando entre homossexuais em várias partes do mundo, advertiu nesta sexta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomendou que este grupo tome antirretrovirais para prevenir o contágio.

"A epidemia está disparando", advertiu Gottfried Hirnschall, diretor do departamento de vírus da imunodeficiência humana (HIV) da OMS. A evolução da medicação e o fato de atualmente ser possível viver com a Aids, mais de 30 anos após a pandemia desta doença que atingiu especialmente a comunidade gay, fizeram com que as campanhas de prevenção diminuíssem e as infecções voltassem a aumentar, segundo Hirnschall.

Este grupo tem um risco 14 vezes maior que o resto da população de contrair o vírus. Em Bangcoc, por exemplo, a Aids afeta 5,7% dos homens que mantêm relações sexuais com outros homens e apenas 1% da população geral.
Nestas novas recomendações publicadas nesta sexta-feira, a OMS recomenda que os homossexuais "considerem tomar antirretrovirais como método preventivo contra o HIV".

Em maio, as autoridades de saúde americanas recomendaram que todos os grupos de risco tomassem antirretrovirais, especialmente os homens gays, com a esperança de reduzir o número de novas infecções, que não muda há 20 anos. Tomar regularmente um comprimido que combina dois antirretrovirais, além do uso de preservativos, pode diminuir o risco de contágio entre 20% e 25%, ou seja, evitar "um milhão de novas infecções neste grupo em 10 anos", segundo a OMS.

As recomendações se concentram nos outros grupos de população de risco, como os transsexuais, a população carcerária, os viciados em drogas e as prostitutas, que representam cerca da metade das novas infecções anuais.
Ao mesmo tempo, são estes grupos os que costumam ter menos acesso à saúde, o que leva "inevitavelmente ao aumento de infecções nestas comunidades", declarou Rachel Baggaley, do departamento de HIV da OMS.

No entanto, graças a diferentes iniciativas, o número destes novos casos caiu quase um terço entre 2001 e 2012.
No fim de 2013, 13 milhões de pessoas com HIV estavam sob o tratamento de antirretrovirais, o que diminui drasticamente a mortalidade pela Aids. Entretanto, Hirnschall afirma que os "avanços foram desiguais", já que os governos têm tendência a privilegiar as campanhas de prevenção para a população geral e descuidam dos grupos de risco. "Mas estas pessoas não vivem isoladas", disse, afirmando que "as prostitutas e seus clientes têm maridos, mulheres e parceiros. Alguns tomam drogas e muitos têm filhos".

Isto é especialmente dramático na África subsaariana, onde se encontram 71% dos 35,3 milhões de pessoas no mundo que estão infectadas por este vírus, indicou o especialista da OMS. Combater a discriminação e a estigmatização exercida sobre estes grupos é vital para ajudar a reduzir as infecções. A OMS também recomenda, entre outras coisas, promover o uso do preservativo, realizar testes gratuitos de HIV, tratar indivíduos de risco com antirretrovirais, realizar circuncisões gratuitas e programas de troca de seringas para os usuários de drogas.

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