OMS alerta para perigo no mau uso dos antibióticos
Bactérias podem se tornar resistentes com uso indevido do medicamento
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• Aumento do uso de antibióticos ameaça a saúde mundial
"Essas diferenças indicam que alguns países consomem provavelmente antibióticos demais enquanto outros talvez não tenham acesso suficiente a esses medicamentos", apontou a OMS em comunicado.
Descobertos nos anos 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas, lutando de maneira eficaz contra doenças bacteriológicas como a pneumonia, a tuberculose a meningite. No entanto, ao longo dos anos, as bactérias se modificaram para resistir a esses medicamentos. A OMS advertiu em muitas ocasiões que o número de antibióticos eficazes está diminuindo no mundo.
No ano passado, a agência das Nações Unidas pediu aos Estados e aos grandes grupos farmacêuticos que criassem uma nova geração de medicamentos capazes de lutar contra as "superbactérias" ultrarresistentes.
"O consumo excessivo assim como o consumo insuficiente de antibióticos são as maiores causas de resistência aos antimicrobianos", afirmou Suzanne Hill, diretora de Medicamentos e Produtos Sanitários Essenciais na OMS, em um comunicado. "Sem antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perderemos nossa capacidade para tratar infecções tão estendidas como a pneumonia", advertiu.
As bactérias podem se tornar resistentes quando os pacientes usam antibióticos que não precisam ou quando não terminam seus tratamentos. A bactéria tem assim mais facilidade para sobreviver e desenvolver imunidade. A OMS também se preocupa com o escasso consumo de antibióticos. "A resistência pode se desenvolver quando os doentes não podem pagar um tratamento completo ou só têm acesso a medicamentos de qualidade inferior ou alterados", diz o relatório.
Na Europa, o consumo médio de antibióticos é aproximadamente de 18 DDD por 1 mil habitantes por dia. A Turquia lidera a lista (38 DDD), ou seja, cerca de cinco vezes mais que o último da classificação, Azerbaijão (8 DDD). A OMS reconhece, contudo, que seu relatório é incompleto porque inclui apenas quatro países da África, três do Oriente Médio e seis da região da Ásia-Pacífico.
Os grandes ausentes deste estudo são Estados Unidos, China e Índia. Desde 2016, a OMS ajuda 57 países com renda média e baixa a coletar datos para criar um sistema modelo de acompanhamento do consumo de antibióticos.