Pelo menos 10 mil pessoas deixaram de utilizar a Estação Rodoviária de Porto Alegre

Pelo menos 10 mil pessoas deixaram de utilizar a Estação Rodoviária de Porto Alegre

Oferta de horários passou de 600 para 180

Gabriel Guedes

Setor de transporte rodoviário de passageiros segue sendo um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19

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O setor de transporte rodoviário de passageiros segue sendo um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19. No estado, segundo dados da Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Rio Grande do Sul (Fetergs), logo que iniciou a pandemia, a quantidade de usuários caiu 90%. Passados quase quatro meses desde o início desta onda de contágio, agora este número já de 70%, indicando uma pequena recuperação do setor. Ainda assim, não deixa de preocupar. Na Estação Rodoviária de Porto Alegre, onde circulavam 12 mil passageiros por dia, agora apenas 2 mil procuram o serviço. Além disso, a oferta de horários reduziu para 1/3 do que era, passando de 600 para 180.

A Fetergs estima que são mais de 2.600 ônibus parados no Rio Grande do Sul. Isto equivale a ter só em veículos algo como 2 bilhões de reais sem qualquer aproveitamento. Junto com a falta de viagens e passageiros, os trabalhadores também têm sofrido consequências. Dos 15 mil colaboradores, mais de 10 mil tiveram jornada e salários reduzidos, férias, afastamento pela idade ou por pertencerem a grupos de risco. O presidente da Fetergs, Pedro Antonio Teixeira, que também é vice-presidente da Associação Riograndense de Transportes Intermunicipais (RTI), diz que as empresas têm feito de tudo para resistir à crise. “Tomamos todas as precauções desde o início da pandemia. Inclusive medindo temperatura de colaboradores e passageiros, por exemplo”, aponta. Entretanto, segundo Teixeira, não houve pedidos de recuperação judicial ou falências de empresas, mas também não houve qualquer auxílio, como linhas de crédito, por parte do governo.

Na Estação Rodoviária da Capital, o diretor operacional Giovani Luigi afirma que houve uma redução de 80 a 85% no movimento de passageiros. “Enquanto estiver na bandeira vermelha, só podem vender janela. Então isso reduziu pela metade a capacidade de transporte das empresas, mas todos municípios do estado estão sendo atendidos”, garante. No transporte interestadual, a situação é mais dramática. “Para outros estados praticamente parou, como para Florianópolis. Agora parece que teremos pelo menos um horário para a capital de Santa Catarina. Para lá e o Paraná, depende muito das regras deles”, aponta Luigi, se referindo às restrições ao transporte intermunicipal e interestadual no estado vizinho.

Para seguir resistindo aos efeitos da pandemia, as empresas estão estudando formas de melhorar o serviço, como novas configurações internas nos ônibus, aperfeiçoamento das medidas de higienização dos veículos e novos canais de venda de passagens, como a internet. Desta forma, acredita o empresário, o movimento poderá crescer mais um pouco no próximo mês. “Passando julho, vamos ter agosto, meados do mês que vem, uma retomada”, aposta. Na Rodoviária de Porto Alegre, o serviço de encomendas tem apresentado até crescimento. “Encomendas é um setor nosso que vem atendendo, por que as pessoas não podem viajar, mas mandam documentos, envelopes, material e isso vem funcionando para todo Estado. E a agência dos Correios que tinha aqui (na Rodoviária), fechou”, conclui o diretor do terminal.
 


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