Pesquisa aponta que 50% dos médicos sentem-se cansados e que pandemia impactou as suas vidas

Pesquisa aponta que 50% dos médicos sentem-se cansados e que pandemia impactou as suas vidas

Saúde mental foi tema de live do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul realizado nessa segunda-feira

Sidney de Jesus

publicidade

"Mais de 50% dos médicos sentem-se cansados, esgotados e sem prazer em suas atividades profissionais", afirmou o coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Fernando Uberti, durante live realizada na noite de segunda-feira sobre os resultados da Pesquisa de Saúde Mental desenvolvida com médicos e estudantes de medicina durante a pandemia da Covid-19.

De acordo com Fernando Uberti, o estudo entrevistou 647 pessoas. Dos 401 médicos entrevistados, além dos 50% que sentem-se cansados e esgotados, a pesquisa apontou que 30,4% responderam que a pandemia teve impacto  psiquiátrico forte em suas vidas, e outros 20,7% consideraram o efeito muito forte. A mesma pergunta foi feita aos acadêmicos, sendo que 35,8% deles afirmaram que a pandemia teve um forte impacto psiquiátrico e outros 31,3% consideraram este impacto muito forte.

"É nosso papel enquanto entidade representativa enfatizar as necessidade de autocuidado em saúde mental por parte de médicos e estudantes de medicina, muitas vezes negligenciada pela elevada exigência da profissão”, enfatizou Fernando Uberti. 

Dificuldades e esgotamento mental 

O  coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers destacou a importância de mostrar a clara relação entre as dificuldades estruturais do sistema de saúde e o esgotamento mental do médico. Ele ressaltou ainda as dificuldades de infraestrutura, atraso em remunerações, politização da saúde e falta de meios. “A partir dos resultados da pesquisa, nós demos início à campanha de valorização dos profissionais. E seguiremos atuantes em defesa da categoria e da saúde mental”, afirmou Uberti. 

Já entre os estudantes de Medicina que participaram do estudo, 67,1% responderam que o impacto da pandemia em suas vidas foi forte ou muito forte, enquanto 24% entenderam que foi moderado. O nível de cansaço entre os acadêmicos foi maior: 81,7% disseram sentir-se esgotados e sem prazer, e 50% informaram que usam alguma medicação psiquiátrica com regularidade. 

Também presente na live, o diretor de projetos especiais do Simers e integrante do Núcleo Acadêmico, Vinícius de Souza, falou sobre a pressão entre os jovens que, muitas vezes, saem da faculdade com  dívidas provenientes das altas mensalidades cobradas pelos cursos de formação de médicos.

“Estudos apontam que aproximadamente 30% dos médicos trabalham cerca de oitenta horas por semana, algo que, para algumas pessoas, é impensável. Essa sobrecarga de trabalho acaba causando esgotamento e, se o médico não estiver em plenas condições de exercer suas atividades, a sociedade também é prejudicada”, salientou. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895