Pesquisadores da Ufrgs avaliam uso de luz ultravioleta e gás ozônio para desinfectar EPIs

Pesquisadores da Ufrgs avaliam uso de luz ultravioleta e gás ozônio para desinfectar EPIs

Ideia do estudo é garantir a segurança no procedimento de descontaminação dos equipamentos

Felipe Samuel

Pesquisadores da Ufrgs avaliam uso de luz ultravioleta e gás ozônio para desinfectar EPIs

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Com o objetivo de contribuir no combate ao novo coronavírus, pesquisadores da Ufrgs se dedicam desde abril na avaliação de métodos de descontaminação de equipamentos de proteção individual (EPIs) luz ultravioleta tipo C (UVC) e gás ozônio. A ideia do estudo - que também projeta protótipos de dispositivos para desinfecção - é garantir a segurança no procedimento de descontaminação dos equipamentos utilizados por profissionais da saúde, como máscaras e óculos, e oferecer uma alternativa de baixo custo a hospitais até novembro.  

Coordenador do grupo multidisciplinar, Altair Sória Pereira explica que os projetos foram idealizados a partir dos relatos de profissionais da saúde sobre as dificuldades enfrentadas para descontaminar acessórios de grande porte, como macacão e avental. Professor da Escola de Engenharia, Pereira faz parte de uma equipe que reúne profissionais de outras áreas, como Veterinária, Física e Medicina. Ele reforça que é importante que a metodologia comprove a eficácia na desinfeção dos equipamentos.

"A tecnologia não é nova, o uso da radiação de luz ultravioleta tipo C (UVC) tem esse papel desinfectante e é utilizada nos laboratórios para manter o ambiente descontaminado. O que precisamos ter cuidado é como vai ser usado", destaca.

Desafio 

Pereira afirma que o maior desafio dos pesquisadores é definir um protocolo de utilização para diferentes tipos de equipamentos e superfícies que garanta a efetividade do processo. Conforme Pereira, o protótipo desenvolvido pelos pesquisadores - e que poderá ser utilizado nos próprios hospitais - tem uma estrutura simples. Ele explica que a primeira versão de gabinete que é utilizada nos testes de laboratório foi desenvolvida por alunos de Pós-Graduação em Física.

"Tivemos a ideia de fazer dois protótipos, um menor, tipo 'armariozinho', para máscara e óculos, e outro tipo guarda-roupa, em que se possa desinfectar EPIs maiores", observa. Além dos cuidados com dispositivos de segurança, os pesquisadores ainda buscam definir a potência adequada para cada processo de desinfecção realizado no protótipo.

Conforme Pereira, o objetivo é criar equipamentos de desinfecção eficazes contra o vírus e seguros para as equipes hospitalares. Ele explica que os protótipos de desinfecção utilizados pelos pesquisadores usam o vírus da bronquite infecciosa de galinhas (VBI), cujo microrganismo é parente do SARS-CoV-2, causador da Covid-19. "Não poderíamos trabalhar com algo perigoso, por isso tivemos a ideia de usar outro tipo de coronavírus, muito similar, que não seja patogênico para humanos. A estrutura do vírus é a mesma", reforça. Com isso, os pesquisadores não precisam trabalhar em laboratórios de alta segurança.

Além de representar menos custo à saúde e maior disponibilidade de EPIs, o protótipo que deve ser concluído até novembro deve custar no máximo R$ 30 mil. Segundo Pereira, um dos objetivos da iniciativa é que, ao final do estudo, os resultados e os protocolos utilizados sejam de domínio público e contribuam com o conhecimento científico sobre o assunto. Ele destaca que os projetos receberam recursos emergenciais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e do Ministério da Educação (MEC).


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