Pessoas em situação de rua sofrem com o frio intenso em Porto Alegre

Pessoas em situação de rua sofrem com o frio intenso em Porto Alegre

Fasc segue a ação preventiva de acolhimento desta população na Capital

Felipe Faleiro

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O frio intenso está de volta após alguns dias de trégua. A madrugada e manhã desta segunda-feira foram de baixas temperaturas, próximas dos 5ºC, o que fez os porto-alegrenses retirarem novamente os casacos mais grossos do armário antes de ir às ruas. Para as pessoas em situação de rua, no entanto, este privilégio muitas vezes não está disponível. Debaixo de marquises, sobre as calçadas, eles dividem espaço com os apressados caminhantes das primeiras horas do dia. São, quase sempre, invisíveis, porém nunca solitários, já que, nos momentos mais adversos, a união faz a diferença.

Na Praça da Alfândega, no Centro Histórico, Diego, 32 anos, estava sua namorada e o filho que é apenas dele. Todos se abrigavam na área externa de um restaurante da praça, encasacados, mas encolhidos sob um cobertor. Ali, há o conforto tecnológico, já que existem tomadas pra carregar o telefone celular, com o qual o pequeno brincava. Um rádio a pilha também fazia companhia aos três. “No frio, é muito complicado. Mas achamos que vamos conseguir alugar uma casa”, diz ele.

Antes, Diego trabalhava com fundação de solos. Natural de Porto Alegre, está há dois anos nas ruas. Conta que já esteve até no Amazonas, onde é mais quente do que o Rio Grande do Sul, diz ele, e tem o sonho de conhecer o Rio de Janeiro. Todas as quintas-feiras à noite, um grupo de pessoas em uma Kombi vai à Praça da Alfândega e distribui comida a eles, bem como aos outros que passam a noite ao relento. A família não é deste ponto onde dormiu, de domingo para segunda-feira, mas foi para ali com o intuito de abrigar do frio.

“O menino já está acostumado com a situação”, conta o pai. Bem próximo, deitadas em bancos da praça, há outras pessoas em situação similar, algumas delas com cobertores parecidos. Com o corpo inteiramente coberto, é possível ver apenas as peças de tecido se remexendo. Junto ao Paço Municipal, outro senhor estava deitado na calçada. O sol já o iluminava. “Tem muita gente bem solidária, nos dão café, comida. Aqui, são mais solidários do que no Amazonas. Só que têm outros que não gostam de chegar perto da gente. Acham que a gente é ladrão, mas não somos”, relata. 

Porto Alegre tem por volta de 2,5 mil pessoas em situação de rua, número menor do que as 3,8 mil estimadas em 2020, conforme o Serviço de Abordagem Social da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Nesta segunda-feira, a Fasc segue a ação preventiva de acolhimento desta população na Capital. No domingo, segundo a fundação, houve 12 abordagens pela equipe dos albergues e 690 pessoas foram acolhidas. Há, na cidade, três albergues 12h, com capacidade total de 240 pessoas, mais 13 pousadas com permanência de até 24h, três Centros POP e um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo (SCFV), este no bairro Floresta.


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