Pessoas em situação de rua tentam se proteger contra o coronavírus

Pessoas em situação de rua tentam se proteger contra o coronavírus

Região central tem número considerável de moradores em situação de vulnerabilidade

Cláudio Isaías

Luiz Madeira vive no terminal da Praça Parobé e sobrevive de doações

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As pessoas em situação de rua em Porto Alegre, em tempos de pandemia do novo coronavírus, buscam alternativas para se proteger contra a doença. A maioria vive no entorno do Centro Histórico, em locais como a Praça da Alfândega, Estação Rodoviária, terminal da Praça Parobé - ao lado do Mercado Público - e embaixo de marquises de bancos e lojas nas ruas dos Andradas e Uruguai e nas avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho. Ontem pela manhã, muitas dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social estavam dormindo aglomeradas no chão do terminal da praça Parobé e na frente das agências do Banco do Brasil, na rua Uruguai, e do Santander, na rua Sete de Setembro.

No terminal da Praça Parobé, o desempregado Luiz Mar Madeira, 57 anos, disse que vive há dois anos no local e sabe da necessidade de prevenção contra o coronavírus. "Uso a máscara entregue por um voluntário que me orientou a manter o local onde vivo sempre limpo", ressaltou. Natural de São Lourenço do Sul, Madeira afirmou que está difícil conseguir uma vaga como varredor. "Tenho recebido à noite as doações dos voluntários que trazem máscaras, álcool em gel, cobertas e comida", acrescentou. Ele vive no terminal com mais duas pessoas.

Marco Antônio dos Santos fica com o irmão e os cachorros na Praça da Alfândega. Foto: Guilherme Almeida

Na praça da Alfândega, os irmãos Marco Antônio e Ezequiel Nunes dos Santos, acompanhados dos cachorros Belinha, Priscila e Urso, afirmaram que para se proteger do frio dos últimos dias têm buscado abrigo na estrutura da estação Mercado do Trensurb. "Temos poucas cobertas e os dias têm sido de muito frio. Quando é possível tomamos banho", relatou Marco Antônio que atua na coleta de latas, garrafas PET, papelão e madeira. Ele explicou que foi orientado por voluntários que levam comida aos moradores de rua sobre a importância do uso da máscara para proteção contra a Covid-19. Já Ezequiel dos Santos, que na manhã de ontem, estava deitado em um banco da Praça da Alfândega tapado com um cobertor, afirmou que utiliza o equipamento de proteção individual ao percorrer as ruas do Centro Histórico em busca de materiais para a reciclagem. 

A prefeitura promove hoje mais um drive-thru de arrecadação da Campanha do Agasalho 2020, das 11h às 16h, no Largo Glênio Peres. A ação será realizada todas as quartas-feiras, até o dia 1º de julho. Devido à pandemia pelo novo coronavírus, as roupas arrecadadas passam por uma quarentena de 14 dias. A estimativa da equipe de triagem é que 160 mil peças de agasalhos, cobertores e calçados tenham sido recebidas na iniciativa liderada pela equipe da primeira-dama Tainá Vidal. Das peças já triadas e liberadas, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) distribuiu 32.657 unidades, beneficiando 11.761 pessoas de 35 instituições.

 


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