Pessoas em situação de rua tentam se proteger contra o coronavírus
Região central tem número considerável de moradores em situação de vulnerabilidade
publicidade
As pessoas em situação de rua em Porto Alegre, em tempos de pandemia do novo coronavírus, buscam alternativas para se proteger contra a doença. A maioria vive no entorno do Centro Histórico, em locais como a Praça da Alfândega, Estação Rodoviária, terminal da Praça Parobé - ao lado do Mercado Público - e embaixo de marquises de bancos e lojas nas ruas dos Andradas e Uruguai e nas avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho. Ontem pela manhã, muitas dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social estavam dormindo aglomeradas no chão do terminal da praça Parobé e na frente das agências do Banco do Brasil, na rua Uruguai, e do Santander, na rua Sete de Setembro.
No terminal da Praça Parobé, o desempregado Luiz Mar Madeira, 57 anos, disse que vive há dois anos no local e sabe da necessidade de prevenção contra o coronavírus. "Uso a máscara entregue por um voluntário que me orientou a manter o local onde vivo sempre limpo", ressaltou. Natural de São Lourenço do Sul, Madeira afirmou que está difícil conseguir uma vaga como varredor. "Tenho recebido à noite as doações dos voluntários que trazem máscaras, álcool em gel, cobertas e comida", acrescentou. Ele vive no terminal com mais duas pessoas.
Marco Antônio dos Santos fica com o irmão e os cachorros na Praça da Alfândega. Foto: Guilherme Almeida
Na praça da Alfândega, os irmãos Marco Antônio e Ezequiel Nunes dos Santos, acompanhados dos cachorros Belinha, Priscila e Urso, afirmaram que para se proteger do frio dos últimos dias têm buscado abrigo na estrutura da estação Mercado do Trensurb. "Temos poucas cobertas e os dias têm sido de muito frio. Quando é possível tomamos banho", relatou Marco Antônio que atua na coleta de latas, garrafas PET, papelão e madeira. Ele explicou que foi orientado por voluntários que levam comida aos moradores de rua sobre a importância do uso da máscara para proteção contra a Covid-19. Já Ezequiel dos Santos, que na manhã de ontem, estava deitado em um banco da Praça da Alfândega tapado com um cobertor, afirmou que utiliza o equipamento de proteção individual ao percorrer as ruas do Centro Histórico em busca de materiais para a reciclagem.
A prefeitura promove hoje mais um drive-thru de arrecadação da Campanha do Agasalho 2020, das 11h às 16h, no Largo Glênio Peres. A ação será realizada todas as quartas-feiras, até o dia 1º de julho. Devido à pandemia pelo novo coronavírus, as roupas arrecadadas passam por uma quarentena de 14 dias. A estimativa da equipe de triagem é que 160 mil peças de agasalhos, cobertores e calçados tenham sido recebidas na iniciativa liderada pela equipe da primeira-dama Tainá Vidal. Das peças já triadas e liberadas, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) distribuiu 32.657 unidades, beneficiando 11.761 pessoas de 35 instituições.