População lota orla do Guaíba no feriado de Tiradentes

População lota orla do Guaíba no feriado de Tiradentes

Mesmo com orientações da OMS de distanciamento social, porto-alegrenses aproveitaram o tempo bom como se fosse um dia normal na Capital

Felipe Samuel

Orla do Guaíba registrou movimento intenso, mesmo com recomendações de isolamento social da OMS

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Mesmo com orientações de especialistas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que a população mantenha isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, milhares de porto-alegrenses aproveitaram o sol e tempo firme nesta terça-feira, no feriado de Tiradentes, para ocupar parques, praças e ciclovias. Na orla do Guaíba, no parque Moacyr Scliar, e em Ipanema, na Zona Sul, famílias e amigos - a maioria sem máscaras de proteção - se aglomeraram para observar o pôr-do-sol. Outros preferiram praticar esportes ou caminhar em grupos, num cenário que lembrava movimento de um fim de semana normal na cidade.
 
O forte policiamento na região chamou atenção de quem passava pela orla. Viaturas da Guarda Municipal e da Brigada Militar marcavam presença na região. Apesar do aumento expressivo no número de policiais e da intensa movimentação na orla, nenhuma viatura da GM ou da EPTC circulou com alto-falantes para afugentar aglomerações de pessoas, como era realizado desde final de março em algumas vias da cidade. O que se viu foi uma multidão ignorando qualquer recomendação de distanciamento. Muitos fizeram rodas de chimarrão no gramado à beira do Guaíba.
 
Secretaria Municipal de Segurança em exercício, coronel Solon Brum Beresford reforça que a prefeitura mantém campanhas de conscientização, mas explica que não está proibida a circulação na Capital. Além disso, ele lembra que algumas medidas de “abrandamento” já foram adotadas em cidades do interior, mas critica uma parcela das pessoas que evita seguir as orientações em meio à pandemia. "É preocupante, embora uma parcela expressiva da população esteja conscientizada. Outros segmentos, por ignorância, imprudência, estão desconsiderando. Isso pode sair caro para gente", alerta.
 
Embora reconheça que é importante as pessoas saírem de suas casas para manter 'sanidade e saúde emocional', Beresford diz que é preciso observar regras de convivência no atual momento. "Ampliamos policiamento para evitar acúmulos como rodinhas de chimarrão. Em paralelo mantemos campanha forte informando para que as pessoas se mantenham no resguardo, mantenham regras de etiqueta e convivência, mas há descuido de um parcela, que acho que é minoria", avalia. Segundo o secretário, as medidas adotadas anteriormente garantiram resultados positivos. Mas faz uma ressalva. "O problema do coronavírus está instalado, ele está numa curva ascendente. Não está nada descendente".
 
Enquanto parte da população lotava a orla do Guaíba, José Edegar Batista de Lima, 66, morador da avenida Cavalhada, aproveitava um espaço isolado na beira da orla, na avenida Guaíba, em Ipanema, para pescar. Com a consciência de que é importante manter distanciamento social, o jardineiro foi passar o tempo e observar o pôr-do-sol com dois caniços. "Não posso trabalhar, vim aqui pegar um peixe. Nunca venho aqui, é a primeira vez que venho pescar, não tenho nada para fazer", diverte-se. "No Centro (Histórico) não vou, até precisava pagar a conta do telefone e não fui. Tem que respeitar isolamento. Por isso pego minha moto e saio para onde tem mato e menos gente", ensina.


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