População relata problemas no cadastro de vacinação contra a Covid-19

População relata problemas no cadastro de vacinação contra a Covid-19

Em Porto Alegre, houve registro em drive-thrus

Felipe Samuel

População relatou problemas

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À medida que avança a vacinação contra a Covid-19 em todo país, também surgem relatos de problemas no cadastro de algumas pessoas no Sistema Único de Saúde (SUS), como falta de registro da primeira dose do imunizante e até mesmo de pessoas com cadastro cancelado e dadas como mortas. Em Porto Alegre, foram registrados problemas na vacinação realizada em drive-thrus. Em alguns casos, os pacientes que tomaram a primeira dose do imunizante nesses locais não tiveram a vacinação registrada no cadastro SUS.
 
Ao se dirigir à unidade de Saúde Santa Marta, no Centro Histórico, para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, em 11 de agosto, o jornalista Pedro Dreher recebeu com surpresa a informação de que aparecia como morto no cadastro do SUS. "Informaram que meu nome não estava registrado no sistema", explica, destacando que tomou a primeira dose do imunizante no dia 8 de junho, no drive-thru do Barra Shopping. Assim como milhares de brasileiros, Dreher tirou uma foto do momento da aplicação da vacina.
 
À época em que tomou a primeira dose, em 8 de junho, alguns pontos de vacinação da Capital não dispunham de computadores para inserir os dados, que acabavam registrados manualmente e, posteriormente, colocados no sistema do SUS. Por conta disso, começaram a surgir problemas para concluir o esquema vacinal. "Estava me preparando, tirando o casaco, quando a moça consultou o número do meu CPF e disse que não estava cadastrado no SUS como tendo tomado a primeira dose", lembra.
 
De acordo com Dreher, uma funcionária informou que 'tem acontecido isso, que não é muito corriqueiro', porque no Barra Shopping não tem computador. No local, os funcionários faziam o lançamento das informações manualmente e depois colocam no sistema do SUS. Segundo ele, a funcionária afirmou que pode ter ocorrido alguma inconsistência ou falha e pediu para Dreher retornar à unidade no dia seguinte.
 
E o que era para ser a solução, acabou se transformando em mais um contratempo, quando a funcionária do posto de saúde explicou as razões pelas quais não poderia aplicar a segunda dose. "Tu estás registrado como óbito no SUS. Aquilo me deu um choque", destaca. "Ela foi verificar se tinha habilitação no computador para modificar essa situação. Fomos na sala dela e não dava. Perguntei quando tinha sido registrada a minha morte e ela informou que foi 14 de novembro de 2020, um dia antes da eleição", destaca.
 
A situação enfrentada pelo jornalista lembra é semelhante a de alguns políticos que relataram o mesmo problema. Os casos de maior repercussão, descobertos no mês de julho, envolvem a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB). Ambas tomaram conhecimento de que constavam como 'mortas' no cadastro do SUS quando foram receber uma dose do imunizante. "Alguém lembrou que aconteceu a mesma coisa com a Manuela D'Ávila", observa.
 
Uma funcionária do posto entrou em contato com o SUS e explicou a situação do jornalista, que relatou outros casos de pessoas que são dadas como mortas no registro do SUS. Depois de fazer prova de vida e apresentar documentos, um ofício foi encaminhado pela funcionária ao SUS, que atualizou o sistema. "Ela fez o ofício na minha frente, imprimiu, mandou uma cópia por e-mail pra mim e pro SUS para dar baixa", frisa. "É uma coisa difícil de acreditar, essa coisa do óbito choca a gente", completa. Após três tentativas, Dreher finalmente conseguiu tomar a segunda dose da vacina. "Voltei no Santa Marta e 'meu óbito' já foi cancelado. Pessoal do drive-thru cadastrou na data e no lote certo", afirma.
 
Secretaria Municipal da Saúde afirma que registro está informatizado
 
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta, os registros da vacinação em drive-thrus já estão informatizados. "Agora quase não existe 'mais à mão', já faz algumas semanas que nós estamos com computadores em todas as nossas unidades, principalmente nos drive-thrus, mas no começo, há um tempo atrás, realmente era um retrabalho, tinha que tomar nota e depois disso tinha que digitar (inserir no sistema de cadastro). Agora não está mais acontecendo isso, o que está acontecendo com algumas pessoas que chegam lá e não está registrada a primeira dose é porque ainda tem alguma coisa que ficou para trás", justifica.
 
Sparta afirma que recebeu apenas um relato de pessoa dada como mortas no cadastro do SUS. "Eu soube de um caso desses aí. Ocorre de vez em quando em alguns lugares, já vi em outros estados também, mas isso é um erro no sistema. Em Porto Alegre eu não tenho autonomia para alterar os dados do Ministério da Saúde, não tenho como entrar no sistema e alterar. Isso é algo que não conseguimos resolver daqui", afirma. O secretário reforça que se casos semelhantes forem relatos, a pasta vai entrar em contato com o governo federal e apurar cada situação. "Não recebemos reclamações sobre isso, mas eu ouvi essa conversa", completa.
 
Ministério da Saúde informa que aplicativo Conecte SUS Cidadão está “em perfeito funcionamento”
 
Em nota, o Ministério da Saúde informa que as informações cadastrais, inclusive as de óbitos, no cadastro do Cartão Nacional de Saúde (CNS), é realizado por meio de operadores do CADSUSweb, nos estabelecimentos de saúde devidamente cadastrados. Caso haja divergência na informação do cadastro, o usuário deve ir a um estabelecimento de saúde informatizado e solicitar a correção de seu cadastro no CNS. "O aplicativo Conecte SUS Cidadão está em perfeito funcionamento", completa a nota.
 
Conforme o Ministério da Saúde, a disponibilização dos dados da vacinação no Conecte SUS Cidadão é possível apenas após o envio dos registros para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). "Vale lembrar que o envio destes dados é de responsabilidade dos estados e municípios. Após o recebimento dos registros na RNDS, em até 72 horas os dados são disponibilizados para o cidadão através do aplicativo do Ministério da Saúde", destaca.
 
Para o cidadão que não tiver seu registro disponível no aplicativo em até 10 dias após a data da sua vacinação, a pasta orienta que o cidadão procure o local de vacinação ou a secretaria municipal de saúde, de sua região, para solicitar o registro e envio de seus dados à RNDS, possibilitando assim a visualização de sua imunização na Carteira de Vacinação Digital.

 


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