Porto Alegre atinge o maior número de pessoas internadas em UTI pela Covid-19

Porto Alegre atinge o maior número de pessoas internadas em UTI pela Covid-19

Dos 753 leitos, entre adultos e pediátricos e de hospitais públicos e privados, 44 estão ocupados por pessoas com o novo coronavírus

Gabriel Guedes

No dia 14, data da penúltima totalização, eram apenas 36

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Com a divulgação pela Prefeitura de Porto Alegre do Boletim Epidemiológico de número 55, no sábado, ficou constatado que a Capital atingiu naquela data o maior número de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com Covid-19 desde o começo da pandemia, em 19 de março. Dos 753 leitos, entre adultos e pediátricos e de hospitais públicos e privados, 44 estão ocupados por pessoas com o novo coronavírus. No dia 14, data da penúltima totalização, eram apenas 36. Se levado em consideração outros problemas de saúde, Porto Alegre está com 468 leitos de UTI com pacientes, o que significava uma taxa de ocupação de 75,85% no final da manhã deste domingo.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai observar os números dos próximos dias para projetar uma tendência para as próximas semanas. Porto Alegre vinha de uma relativa estabilidade nas últimas semanas, com números de internações em UTI variando diariamente entre 28 e 43 desde o dia 10 de abril. Em alguns momentos, houve até declínio abrupto na curva.

Entretanto, a superação desta linha imaginária chama atenção por ter surgido após a principal flexibilização no distanciamento social na cidade, que permitiu abertura de pequenos e médios comércios no dia 4 deste mês. Mas segundo o secretário de Saúde, Pablo Stürmer, mesmo com o efeito de circulação das pessoas, a Semana Santa, a abertura da construção civil e da indústria apresentou pouco impacto. “Agora estamos completando cerca de 15 dias desde a reabertura do comércio. Já esperávamos algum reflexo”, lembra.

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que tem o maior número de pacientes com Covid-19 na UTI, não é o que tem a maior taxa de ocupação. A instituição conta com 102 leitos adulto e destes, 68 estão ocupados, mas apenas 17 deles por quem tem o novo coronavírus. A taxa de ocupação é de 66,67%. Outra referência para o tratamento da doença, o Hospital Conceição vive uma situação menos confortável, com 76,81% de ocupação. Eles têm 69 leitos adulto, com 53 ocupados por pacientes com diversos problemas de saúde. Destes, 9 são de contágios pela Covid-19. Mas há pelo menos outros seis hospitais da cidade com pacientes do novo coronavírus na UTI.

Em terceiro lugar vêm o Ernesto Dornelles, que tem 40 leitos, 31 pacientes e 7 com Covid-19. A taxa é 77,50%. Na manhã de ontem, as emergências do HCPA e do Conceição, setor que é a porta de entrada para atendimentos pela doença, aparentavam pouca procura, com baixa movimentação de pessoas nestes locais.

Com uma robusta rede hospitalar, referência para muitas cidades, o secretário lembra que a contabilização da ocupação das UTIs considera também pacientes internados de qualquer lugar, não apenas com domicílio em Porto Alegre. Interior do estado e Região Metropolitana têm contribuído com cerca de 50% da ocupação por pacientes com o novo coronavírus. “A gente sabe que somos referência. Por isso, precisamos também olhar de forma integrada, para que a própria Capital também não sature o seu sistema de saúde”, afirma Stürmer.

O secretário garante que o Município está atento à situação. “Estamos permanentemente acompanhando a evolução dos casos. Os dados das UTIs são os mais fidedignos da evolução da pandemia”, avalia. Por isso, até para guiar a Prefeitura nas futuras medidas - de relaxamento ou aperto - que estão sendo tomadas, a situação, ainda indefinida, na opinião do secretário, precisa ser bastante observada. “Precisamos seguir acompanhando estes dados. A partir desta tendência, do cenário futuro, da ocupação dos leitos, saberemos da situação da doença para as próximas semanas”, conclui Stürmer.


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