Porto Alegre contabiliza danos provocados por temporal

Porto Alegre contabiliza danos provocados por temporal

Na avenida Voluntários da Pátria, um trecho estava alagado e foi interditado para a passagem de veículos pela EPTC

André Malinoski

Estragos do temporal ainda eram visíveis em alguns pontos de Porto Alegre nesta terça-feira

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Os estragos do temporal do dia anterior ainda eram visíveis em alguns pontos de Porto Alegre nesta terça-feira. Na avenida Voluntários da Pátria, perto da Arena do Grêmio, um trecho estava alagado e foi interditado para a passagem de veículos pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). “Estamos sinalizando com dois cavaletes para o pessoal não tentar passar pela água”, informou no local o agente de trânsito Pedrozo.

Os moradores varriam as calçadas e tiravam barro de pá dos seus pátios. Na rua Adelino Machado de Souza, no bairro Farrapos, era essa a cena durante esta manhã.  “Não cheguei a perder nada dentro de casa dessa vez. Mas aqui é sempre assim e estou tirando barro do quintal”, desabafou a pensionista Neli Teresinha Ribeiro, de 70 anos. Varrendo a calçada, a moradora afirmou que o temporal da segunda-feira foi pior do que os mais recentes.

Os vizinhos, porém, não tiveram a mesma sorte. Foi o caso do aposentado Nelson Fagundes, 63. “Entrou três palmas de água dentro da minha casa. Já entrei na Justiça contra a Prefeitura depois das enchentes, mas perdi. Não entro mais porque não adianta”, reclamava.

Outro morador segurava uma pá de construção para tentar remover o barro da calçada e de parte da rua. “A Prefeitura tem uma bomba para puxar a água, mas não está dando conta do problema”, relata o aposentado Carlos Roberto, 66. Segundo cita, havia gente tirando água de balde de dentro de casa em outros pontos. 

No trecho interditado por causa da água na Voluntários da Pátria, o autônomo Fábio Luciano, 36, vinha com água no joelho tentando chegar até um ponto firme. “Moro no bairro Mario Quintana, não sou daqui. Ninguém faz nada pela gente em nenhum lugar, só querem nosso voto nas eleições”, criticou. 

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), explicou que as “ruas da Vila Farrapos foram afetadas no final da tarde dessa segunda-feira, devido a falta de energia elétrica que acometeu as Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) de número 5 e 6, localizadas respectivamente na Voluntários da Pátria com a Adelino Machado de Souza e na BR-290 com a 116.

A parada das casas de bombas impediu o bombeamento das águas da chuva. A energia foi restabelecida por volta das 20h, possibilitando o retorno do funcionamento das estações. A Vila Farrapos passa ainda por obras de reconstrução de um emissário que liga duas estações pluviais e que deve ser concluída neste ano, melhorando as questões de alagamentos.

Esta região alaga historicamente devido ao baixo relevo das ruas e ao crescimento imobiliário e impermeabilização do solo que diminui o escoamento da água das chuvas.” A queda da energia elétrica e as panes eletromecânicas causaram a parada de estações de bombeamento de água tratada e de águas pluviais.

O prefeito Sebastião Melo também comentou acerca do temporal. “Que bom que a chuva veio, pois Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estavam precisando disso. Temos um gargalo enorme que vem de mais de 30 anos, que é a drenagem urbana. Sem casa de bomba funcionando, sempre haverá problema. Porque a energia elétrica, sempre que vem temporal, ela cai. E quando cai a rede, se não temos gerador próprio, nesses locais como Humaitá, Ponta Grossa, parte do Sarandi, você depende desas casas de bomba para aliviar o alagamento. Esse foi o problema que ocorreu na segunda-feira. Sempre que vir uma chuva dessas vai ter problema”, explicou o chefe do Executivo, destacando as limpezas feitas recentemente nos arroios da Capital. “Nossas equipes estão todas preparadas e estão nas ruas”, acrescentou. 

Trânsito

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) destacou que, em torno das 8h30min desta terça-feira, havia dois pontos de alagamento com bloqueio parcial. Foram liberados 21 pontos de alagamento ou acúmulo de água, com bloqueio total ou parcial, registrados no início da chuva. Dos 31 registros de semáforos inoperantes devido à falta de energia elétrica, 30 já foram restabelecidos.

Havia registro de três locais com queda de vegetal, que causavam bloqueio total nesta manhã, cinco com bloqueio parcial e 16 pontos já foram liberados. As equipes de fiscalização e manutenção semafórica da EPTC foram reforçadas e deslocadas para os pontos mais críticos e com mais risco de acidentes para monitorar a circulação, restaurar a sinalização e auxiliar os usuários. Trinta cruzamentos tiveram todos seus semáforos restabelecidos. 

Tempo

A Defesa Civil de Porto Alegre alerta para a probabilidade de chuva (50 a 100 milímetros por dia) e ventos intensos (60 a 100 quilômetros por hora), sem descartar a possibilidade de granizo. A chuva poderá iniciar a qualquer momento, estendendo-se até as 12h de quarta-feira. O alerta é preventivo e feito com base nas informações emitidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pela Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). 

Além disso, a Defesa Civil Estadual, que já distribuiu 4,8 mil metros quadrados de lonas para os moradores de Guaíba, recebe doações para repassar aos atingidos pelas chuvas na Central de Doações da Defesa Civil do Estado (Borges de Medeiros, 1.501).


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