Porto Alegre registra descentralização da Covid-19 em março

Porto Alegre registra descentralização da Covid-19 em março

Segundo um levantamento realizado pela Vigilância em Saúde, infecções estão crescendo em todas regiões da cidade

Christian Bueller

Em quantidade absoluta de casos, o bairro Sarandi lidera o ranking de contaminações com 4.909 infectados

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Quando o coronavírus chegou em Porto Alegre, por meio de uma mulher que voltara de uma viagem da Itália, primeiramente se associou as contaminações às pessoas que tiveram contato com outras do exterior. Assim que o vírus se propagou por bairros consisderados nobres, como Petrópolis, Monst'Serrat e Bela Vista. Um ano de pandemia depois, a Covid-19 chegou a todas as regiões, descentralizando as infecções, que chegaram com força, inclusive, na zonas periféricas da cidade. 

Com mais de 115 mil casos confirmados e mais de 3.500 vidas perdidas em decorrência da doença, a Capital busca diminuir as taxas de contágio com as vacinas disponíveis que chegam. Enquanto isso, assiste um aumento de contaminações em praticamente toda a cidade, segundo um levantamento realizado pela Diretoria Geral de Vigilância em Saúde (DGVS) em parceria com técnicos em geoprocessamento da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão.

Divididos pelo que chamam de semanas epidemiológicas, monitoramento mostram a quantidade de casos absolutos e também a taxa de incidência por 100 mil habitantes. Se entre os dias 7 e 13 de setembro, a taxadi era de 1.893 casos a cada 100 mil pessoas, o dado mais que dobrou em 23 de dezembro, 4.828,46. Pois, a semana que abrange 7 a 13 de marços, números mais recentes, quase duplicou a taxa do fim de 2020, chegando a 8337,6 a cada 100 mil habitantes.

Em quantidade absoluta de casos, o bairro Sarandi lidera o ranking de contaminações com 4.909 infectados. Na sequência vem a Lomba do Pinheiro (4.384) e Partenon (4.300) e Restinga (3.906). Mas segundo a gerente da unidade de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Juliana Maciel, ainda que seja importante analisar a soma das ocorrências, é a taxa de contágio a cada 100 mil habitantes que dá a dimensão da propagação da doença. "A taxa mostra a concentração de contaminações em cada bairro, a carga de doença em determinados territórios", explica.

Por este ângulo é a região da Pedra Redonda que registra maior incidência, com uma taxa de 244,53 casos por 100 mil habitantes. Mesmo sendo não sendo populosa, 274 moradores, as 67 contaminações confirmadas por Covid-19 indicam um volume maior relativo da presença da doença do que em outros bairros.

Para Juliana, a preocupação com a disseminação em 2021 segue é a mesma do que no primeiro ano da pandemia. "A descentralização do contágio é como um efeito cascata, que chegou nas regiões mais pobres, onde pessoas têm menos acesso a uma residência mais adequada, onde possa fazer um isolamento correto. Nos acostumamos a orientar as pessoas a conviverem apenas com seus núcleos familiares, mas há terrenos com três casas com gente da mesma família', observa a enfermeira.

Outro fator que Juliana elenca para combater a doença é notificar os sintomas assim que aparecem, o que nem sempre acontece. "Muita gente, para não perder o emprego, diz 'ah, é apenas uma tosse, não é nada' e seguem trabalhando. Mas elas precisam se isolar", salienta.

Após uma pequena redução de casos após setembro, os trabalhadores, tanto de classes mais pobres como também a classe média, precisou retornar às atividades, o que começou a originar a segunda onda. "As pessoas começaram a cansar de ficar em casa, tiveram que voltar a se contrar, mas os casosvoltaram a subir jpá no fim do ano de 2020", lembra.  

As zonas sul e norte, além da área central, são as que mais chamam a atenção da Vigilância Sanitária. "Não é porque são muitas pessoas em uma região é que a disseminação vai diluir. Não. A carga viral está realmente alta", alerta Juliana. "No ano passado, Cidade Baixa e Centro não tinham tantos casos como agora, por exemplo", pontua.

Entre o final de fevereiro e início de março, houve um salto diário de casos. Mas, segundo Juliana, as restrições impostas pela bandeira preta do sistema de controlado contribuíram para a ainda pequena redução recente no avanço da doença. "Já que a vacina ainda não chegou a um número grande de pessoas, é preciso diminuir a circulação de pessoas nas ruas, é a única arma que a gente tem. Usar máscaras e cuidar a higienização".

A enfermeira reitera que, se o boom de casos estourou no último Carnaval, as pessoas precisam se atentar para o próximo feriado, entre a Sexta-Feira Santa e a Páscoa. "Esta doença tem um prognóstico lento. Se quisermos mudar o cenário, temos que reduzir o início da cadeia, que é a transmissão". 


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