Porto Alegre tem maior imunização contra gripe da década em idosos

Porto Alegre tem maior imunização contra gripe da década em idosos

Prefeitura conseguiu aplicar dose em 98,2% da população com mais de 60 anos

Jessica Hübler

Imunização não protege contra Covid-19

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A vacinação contra a gripe em Porto Alegre registrou o maior movimento da última década entre os idosos, conforme dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI). Em menos de um mês da Campanha Nacional de Imunização, entre os dias 23 de março e 20 de abril, a Prefeitura já vacinou 210.487 dos 213 mil idosos da Capital, o que representa 98,82% da população acima de 60 anos na cidade.

A procura é considerada recorde pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e pode aumentar ainda mais, pois a campanha de vacinação contra a gripe segue até o dia 22 de maio na cidade. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde para esse público era de 191,7 mil pessoas. Ou seja, em menos de um mês a SMS ultrapassou a meta de imunizar 90% do público e imunizou praticamente a totalidade dos idosos de Porto Alegre. Além de ter sido um reflexo por conta da pandemia, as estratégias da SMS de distribuição das doses em Unidades Básicas de Saúde, em farmácias da rede privada e em pontos de drive-thru também podem ter influenciado na procura.

Conforme o diretor-geral de Vigilância em Saúde da SMS, Anderson Lima, o movimento é sintomático. “A população de um modo geral se move de acordo com as mazelas que são vivenciadas em cada momento, então temos algumas experiências nessas características, toda vez que temos, por exemplo, uma antecipação do período de frio e algumas pessoas acabam indo a óbito cedo, por causa da H1N1, por exemplo, que era o que nós vivíamos até o ano passado, aumentava a procura em relação às vacinas”, explica. Conforme Lima, quando houve um surto de sarampo, exatamente porque a cobertura vacinal era baixa, houve uma grande procura quando ocorreu a campanha.

“As pessoas se movimentam de acordo com o seu medo em relação a algum tipo de situação epidêmica como estamos vivenciando, então nós já imaginávamos que a procura seria grande neste ano, em função da situação da Covid-19, embora essa vacina não ofereça proteção contra o novo coronavírus, o que é importante lembrar”, destaca. De acordo com Lima, mesmo assim a vacina da gripe é muito importante para proteger a população contra os vírus H1N1, H5N2 e Influenza B. “São outras patologias comuns no inverno e a estratégia do Ministério da Saúde de antecipar a vacinação e mirar nos públicos mais vulneráveis, acredito que se mostra muito acertada”, define.

Embora a vacina da gripe não ajude a evitar a contaminação pelo novo coronavírus, Lima reforça que estaremos com um grau de imunização muito alto em relação aos outros vírus. “O que vai influenciar em uma diminuição da necessidade de as pessoas buscarem o serviço de saúde, porque já há um estresse em relação à Covid-19. Acredito que a população entendeu a estratégia, entendeu que precisamos rapidamente imunizar um grande número de pessoas”, diz.

Lima ressalta que essa é a estratégia das campanhas de vacinação. “Buscamos imunizar o maior número de pessoas no menor tempo possível, pois isso evita a circulação do vírus selvagem e a cobertura vacinal impede a circulação dos diferentes tipos de vírus e nós teremos mais sucesso em termos a população imunizada”, afirma. A grande procura deste ano, segundo Lima, explica a falta momentânea de doses em diversas unidades.

Sobre o recorde de doses aplicadas em idosos este ano, Lima reforça que os reflexos vão ser vistos ali na frente. “Com a grande imunização de uma parcela significativa da população, provavelmente os números de infecção e óbitos por causa desses outros agentes vão reduzir e tomara que a gente consiga, com isso, minimizar a necessidade da população em acessar o serviço de saúde”. Lima enfatiza que é necessário que as pessoas não se mobilizem apenas em momentos de crise. “Espero que a população se dê conta de que a vacinação é a segunda medida de saúde pública mais importante, perdendo apenas para o saneamento básico. A vacina é fundamental e evita milhares de mortes o ano inteiro. O programa de vacinação do SUS é o maior do mundo, fornecer vacinas para uma população de um país do tamanho do Brasil é algo inédito e espero que a gente consiga atingir o nosso objetivo, que é salvar vidas”, reitera.

Próximas fases da Campanha

A segunda fase da campanha iniciou no dia 16 de abril. Fazem parte do público-alvo da segunda fase pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (comorbidades como diabetes, doenças respiratórias e cardíacas, hipertensão, entre outras), povos indígenas, profissionais das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos cumprindo medida socioeducativa, população privada de liberdade, caminhoneiros, motoristas e cobradores de transporte coletivo e portuários.

Número de idosos imunizados:

2020: 210.487 (98,82%)
2019: 204.926 (96,20%)
2018: 191.427 (89,87%)
2017: 209.147 (98,19%)
2016: 201.953 (94,81%)
2015: 180.578 (82,49%)
2014: 130.879 (61,44%)
2013: 179.155 idosos (84,11%)
2012: 150.855, (71,19%)
2011: 147.513 (71,90%)


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