Porto Alegre vive "apagão" de políticas públicas de combate a Aids, alertam especialistas

Porto Alegre vive "apagão" de políticas públicas de combate a Aids, alertam especialistas

Conforme Presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul, cidade se mantém há anos como a Capital da doença no País

Cláudio Isaías

Reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal debateu situação epidemiológica e políticas públicas na cidade

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As políticas públicas de combate a epidemia de Aids, em todos os níveis, tanto federal quanto estadual e municipal, vivem um completo "apagão". A avaliação foi feita pela presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids do Rio Grande do Sul (Gapa/RS), Carla Almeida, que participou da reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal que debateu a situação epidemiológica e as políticas públicas para o enfrentamento da Aids em Porto Alegre. Segundo ela, a cidade gaúcha se mantém há muitos anos como a Capital da Aids e, ainda por cima, apresenta a maior incidência de transmissão vertical da doença do Brasil – que ocorre de mãe para filho.

"A taxa é cinco vezes maior que os outros estados brasileiros. A cidade de São Paulo, por exemplo, erradicou esse ano a transmissão vertical. Então, estamos falando de uma situação que é possível que seja feita em Porto Alegre desde que se tenha compromisso e políticas públicas", destacou. A iniciativa da reunião foi proposta pelo vereador Aldacir Oliboni e contou com a presença do vereador José Freitas, que presidiu a sessão da Cosmam.

Conforme a presidente do Gapa/RS, Porto Alegre vem há muito tempo um processo de "desinvestimento" em ações de saúde, principalmente às voltadas para o enfrentamento da epidemia de Aids. "Temos diversos serviços de saúde que estão sucateados e alguns anos Porto Alegre iniciou um processo de descentralização de atenção e cuidado das pessoas que vivem com Aids. Esse processo de descentralização fragiliza o cuidado das pessoas que vivem com Aids", acrescentou. Conforme Carla, Porto Alegre passa um momento bastante emblemático no sentido da falta de políticas públicas que entendam a epidemia da doença.

Já Caroline Ceolin Zacarias, da Coordenação de Atenção a Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que o poder público municipal tem realizado ações como campanhas de comunicação dirigida à prevenção do HIV/Aids e incorporou novas tecnologias (telemonitoramento e prontuário eletrônico) com o objetivo de aumentar a taxa de adesão ao tratamento. Além disso, ela explicou que são feitas ações que visam o enfrentamento do estigma e da discriminação das populações-chaves no âmbito dos serviços de saúde. A atividade que faz parte do Dia Internacional de Combate a Aids, celebrado em 1º de dezembro, contou com a presença de representantes do grupo Nuances, do Conselho Municipal de Saúde, da Defensoria Pública do Estado e dos hospitais de Clínicas e Conceição.

O Brasil conseguiu evitar 2,5 mil mortes por aids entre os anos de 2014 e 2018. Nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença caiu 22,8%, de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018. Os dados do Ministério da Saúde mostram que 135 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e não sabem. Com base nessa estimativa, o ministério lançou a Campanha de Prevenção ao HIV/Aids. O foco é incentivar pessoas que não se preveniram em algum momento da vida a procurar uma unidade de saúde e realizar o teste rápido. 

 

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