Praça da Alfândega terá patrulhamento reforçado após monumento ser alvo de vandalismo

Praça da Alfândega terá patrulhamento reforçado após monumento ser alvo de vandalismo

Câmera de segurança estava fora de funcionamento e não flagrou momento que esculturas de Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana foram depredadas com tinta amarela no Centro de Porto Alegre

Felipe Faleiro e Luciamem Winck

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Uma câmera de segurança da prefeitura de Porto Alegre, próxima do monumento a Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana, estava fora de funcionamento e não conseguiu flagar a ação de vandalismo contra as imagens. Uma tintura amarela foi lançada sobre as cabeças e corpos das esculturas. A atitude dos vândalos causou indignação aos frequentadores do espaço público nesta quarta-feira. O comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento, reconhece as falhas, mas afirma que o patrulhamento na Praça da Alfândega está sendo reforçado.

“Vamos ampliar ainda mais o efetivo de dia, e principalmente à noite, no local”, promete. “Precisamos também da colaboração da população para auxiliar nas denúncias do vandalismo de depredação”. Tanto a Guarda Municipal quanto a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) não sabiam da ocorrência até serem informadas pela reportagem do Correio do Povo.

Esta não foi a primeira vez que foram vandalizadas. Em 2017, uma tintura alaranjada foi colocada nos rostos das esculturas. Em outubro de 2007, o livro de bronze de três quilos que integrava a escultura de Drummond de Andrade foi furtado. Depois de encontrado e devolvido ao monumento, em março de 2015, Drummond de Andrade deixou de ler para o amigo Mario Quintana.

A estátua do escritor novamente virou alvo de vandalismo e o livro que estava em suas mãos desapareceu e até hoje não reapareceu. Em 2011, foi a estátua de Drummond que sumiu da Praça da Alfândega. Todos pensavam tivesse sido levada por ladrões, mas na verdade, houve uma falha de comunicação entre a Secretaria Municipal da Cultura e os responsáveis pelo projeto Monumenta, que retirou a escultura em bronze para conserto da base.

O Monumento à Literatura, como é conhecida a obra, foi criado por Eloisa Tregnago e Xico Stockinger e inaugurado em 2001, por encomenda da Câmara Riograndense do Livro. E desde lá a obra é visada por ladrões e vândalos, devido ao material utilizado: o bronze. Os poetas são representados em tamanho real. O gaúcho Quintana está sentado e olhando para Drummond, que é representado em pé, e que um dia teve um livro pregado em uma de suas mãos.

Limpeza

Por volta das 10h15min, uma equipe do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) chegou ao local e efetuou a limpeza com pano, água e solvente. As esculturas em tamanho real são de bronze, o que chama a atenção dos criminosos dado o valor agregado do material. O pintor Reinaldo Rosin passava pelo local e parou para observar a tinta no monumento. “Deveria ir para a cadeia quem faz este tipo de coisa. Infelizmente muitas pessoas acabam não dando valor”, desabafa. A tinta utilizada para as pichações, segundo ele, foi a PVA, facilmente retirada com água.

Amigas e turistas, a nutricionista Marta Castro e a professora Marly Ferreira são de São Bernardo do Campo (SP). Elas passaram em frente à escultura e Marly disse pensar que a tinta era naturalmente parte do monumento. “É muito deprimente e um desrespeito. A gente vem para cá e acredita que vai nos lugares e ver a cidade toda bonita. Estes são dois dos maiores poetas do país”, relatou Marta. A Secretaria Municipal de Cultura deslocou um técnico especialista para averiguar a situação da estátua dos escritores. “A SMCEC está analisando as providências adequadas a serem tomadas a fim de manter a integridade do monumento”, afirmou. O titular da pasta, Gunter Axt, afirmou que a pasta “segue mobilizada e empenhada em trabalhar pela recuperação dos nossos monumentos e espaços, contando com o apoio fundamental de todos os órgãos da prefeitura”.


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