Prefeitura busca retirar 14 famílias de área na Voluntários da Pátria

Prefeitura busca retirar 14 famílias de área na Voluntários da Pátria

Moradores da região acusam as pessoas em situação de vulnerabilidade de furtos e tráfico de drogas

Henrique Massaro

Segundo a PGM, o grupo precisa deixar o local até o dia 21

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A ocupação de um terreno na rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, pode estar perto do fim. A prefeitura encaminha, através da Procuradoria-Geral do Município (PGM), a retirada das pessoas que se instalaram na área de 1,2 mil metros quadrados localizada nas proximidades do número 3.500 da via. A recuperação de posse pelo Executivo deve impactar a vida de 14 famílias em situação de vulnerabilidade que estão vivendo no espaço, mas também a de moradores do entorno que reclamam dos transtornos dos vizinhos irregulares. Segundo a PGM, o grupo precisa deixar o local até o dia 21. Caso contrário, oficial de Justiça fará a reintegração de posse.



Morador da Voluntários da Pátria, um homem que preferiu não se identificar por medo de represálias, tem diversas reclamações. Ele diz que as pessoas que ocuparam o terreno modificaram a rotina da região. Segundo comenta, os integrantes da ocupação têm furtado a energia elétrica da rua e também costumam derreter fios elétricos, o que provoca um mau cheiro para quem vive nas imediações. Ele ainda afirma que o tráfico de drogas é frequente e que recentemente tiros foram disparados no local.

Como ocorre em outras ocupações de terrenos, na Voluntários da Pátria também chama atenção a quantidade de casebres improvisados. Mas, mais do que as residências de madeira, é gritante a quantidade de lixo que se empilha em verdadeiras montanhas ao redor das moradias e por onde as crianças brincam.

O motivo do acúmulo de resíduos logo fica claro: a maioria ali – conforme os moradores são cerca de 40 pessoas – vive da reciclagem. Morador da ocupação há dois meses, Luís Jefferson Monteiro, de 39 anos, costumava trabalhar com pintura e serviços gerais. Sem trabalho, ele atualmente vive da reciclagem, que, afirma, ainda não lhe deu renda suficiente para fazer um rancho sequer. É dessa forma que ele tem tentado se manter e, ao mesmo tempo, sustentar a família.

“Não é um lugar que a gente queira para os nossos filhos”, afirma ele, que é pai de três crianças. Monteiro costumava morar na zona norte da cidade, nas imediações da Arena do Grêmio, de onde teve que sair em função de um incêndio.

O mesmo motivo tirou da região Jefferson Ricardo da Silva, 33 anos, que vive na ocupação com dois filhos e três sobrinhos, de quem também toma conta. Os dois homens afirmam que ainda possuem terreno onde costumavam morar, mas que não podem voltar, e que, depois que saíram de lá, chegaram a tentar viver com Aluguel Social. A verba que era destinada, de acordo com eles de R$ 420, era insuficiente.

No terreno da Voluntários da Pátria, de acordo com eles, também há moradores vindo de outras localidades, como da região das Ilhas do Guaíba. Ainda segundo os homens, que negam a presença do tráfico de drogas no espaço, não há água encanada no local. A falta de energia elétrica, por sua vez, admitem, foi suprida com uma ligação irregular.

Com auxílio de um advogado, a ocupação foi nomeada Legalidade e os integrantes foram orientados a se organizarem em uma cooperativa. A prefeitura informou que a PGM obteve uma liminar para recuperar a posse da área, que é de propriedade do município, e que está organizando os trâmites para retirar as pessoas.

Ainda segundo o Executivo, os integrantes da ocupação foram notificados por fiscais no início do mês de maio para que deixassem o espaço, que deve ser utilizado na duplicação da via. De acordo com a Procuradoria, a retirada está sendo organizada e uma reunião com todos os envolvidos deve ser realizada.

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