Previsão de não pagamento de salários pode provocar nova paralisação de rodoviários em Porto Alegre

Previsão de não pagamento de salários pode provocar nova paralisação de rodoviários em Porto Alegre

Empresas de ônibus da Capital relataram dificuldades em conseguir quitar os salários à categoria 

Christian Bueller

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Uma nova paralisação dos rodoviários de Porto Alegre poderá ocorrer na próxima semana se um novo impasse não se resolver. Em reunião com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), dirigentes do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) informaram o risco iminente de não cumprimento salarial e do pagamento do 13º à categoria, em virtude de problemas financeiros. 

Durante o encontro, solicitado pelo Seopa, para atualizar com “informações preocupantes” aos rodoviários, foram relatados fatores que explicariam a dificuldade das empresas em conseguir quitar os salários. “Estamos caminhando para um momento muito complicado. Tivemos a iniciativa de avisá-los para que não fossem pegos de surpresa. Não foi uma reunião para propor nada porque não temos mais o que propor”, conta o assessor jurídico do Seopa, Alceu Machado.

O advogado ressalta os esforços da categoria que “já teve que abrir mão de muita coisa”, mas acredita que a situação será inevitável. “As empresas já deixaram de cumprir muitos compromissos em função de pagamento de salários, mas consegue fazer isso eternamente” lamenta.

"Pingos d'água em uma chapa quente"

Além dos efeitos da pandemia, Machado elenca o reajuste recente da tarifa de ônibus municipais pela Prefeitura para R$ 4,80 como um dos fatores que desencadearam o cenário que se aproxima. “Foi um ato unilateral do prefeito. As empresas estão trabalhando com um custo de R$ 5,20 e ninguém paga essa diferença. Chega um momento em que fica insustentável pois existe um passivo muito grande”, diz o assessor jurídico do Seopa. Ele destaca as tentativas de Melo para melhorar a situação, mas que são “pingos d’água em uma chapa quente”.

Machado pondera sobre o esvaziamento de usuários dos coletivos. “O sistema já estava mal antes da pandemia. Depois, só piorou. Nos supermercados, que lucraram neste período, as pessoas podiam entrar, fazer rodinhas de conversa, mas nos ônibus não. Outra coisa é o aumento do transporte por aplicativo”, relata.

Movimento

O presidente do Stetpoa, Sandro Abbáde, afirma que a entidade não descarta iniciar a semana com movimento nas ruas de Porto Alegre, com chance de pararem as atividades. “Nós, rodoviários, já pagamos uma conta muito cara há muito tempo, e isso tudo durante a pandemia que já fragilizou demais a classe trabalhadora”, ressalta, acrescentando que os rodoviários não aceitam qualquer tipo de atraso salarial ou parcelamento como forma de acordo.

O delegado sindical do Stetpoa, Airton Maciel, questiona sobre a real ciência dos empresários pelos danos causados aos trabalhadores rodoviários ao longo dos últimos meses. “Vocês, empresários, e o prefeito sabem de verdade o que os trabalhadores estão passando?”, pontua a liderança da zona norte da Capital. A categoria se reuniu nesta sexta-feira para deliberar sobre o possível movimento, em caso de confirmação do não pagamento de salários.

Procurada, a Prefeitura de Porto Alegre informou que o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, deverá se reunir com os rodoviários na próxima semana, mas ainda não há uma reunião marcada.


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