Primeira onda da Covid-19 ainda não encerrou no RS, avaliam gestores de hospitais

Primeira onda da Covid-19 ainda não encerrou no RS, avaliam gestores de hospitais

Novos casos registrados da doença nos EUA e na Europa, acenderam um alerta sobre os riscos no Brasil 


Jessica Hübler

Número de leitos destinados para pacientes com Covid-19 vem sendo reduzidos desde setembro

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O registro crescente de novos casos da Covid-19 nos Estados Unidos e na Europa, que vem sendo caracterizado como uma “segunda onda” da pandemia, acende um alerta sobre os riscos no Brasil. Especificamente no Rio Grande do Sul, onde a situação é tratada de outra forma, inclusive gestores de hospitais não interpretam como finalizada a “primeira onda”. Mesmo assim em algumas instituições o número de leitos destinados exclusivamente para pacientes do novo coronavírus, por exemplo, vem sendo reduzidos desde setembro.

Foi o caso do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), por exemplo. De acordo com o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, o Hospital Conceição trabalhava até setembro com 44 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados exclusivamente para pacientes da Covid-19. Agora, são 29. O mesmo aconteceu na enfermaria, que antes contava com 120 para casos do novo coronavírus e agora são 60.

“Não consideramos ainda uma segunda onda porque os gráficos mostram que há uma continuação da primeira e única onda que tivemos”, explicou. Segundo ele, nenhum leito foi fechado, mas agora uma parte está destinada a atendimentos usuais que foram retomados, como as cirurgias eletivas. “Se for necessário, se nós tivermos o que se pode considerar segunda onda, estamos preparados para voltar ao cenário anterior. Podemos voltar a utilizar leitos ‘não covid’ caso seja necessário, mas hoje nós não vemos necessidade”, reiterou.

Possibilidade de novo crescimento 

A possibilidade de um novo crescimento no número de casos da Covid-19 na Capital e consequentemente uma pressão maior sobre os hospitais ainda não é totalmente descartada. E mesmo que o cenário demonstre certa estabilidade há pelo menos dois meses, o Hospital Moinhos de Vento, por exemplo, está com a UTI covid lotada e com restrições de atendimento para pacientes com suspeita, especificamente, dessa doença, com sintomas leves ou quadro de menor gravidade. A medida foi tomada em 13 de novembro e segue, sem previsão de liberações.

No Moinhos a emergência segue atendendo pacientes graves e pessoas sem suspeita de coronavírus. "Essa medida se dá em caráter de exceção, para que possamos priorizar os pacientes mais graves, mantendo a excelência de nosso atendimento", declarou a instituição. Até segunda-feira Porto Alegre registrava 51.011 casos confirmados da doença, além de 8.572 suspeitos. No total, 44.372 são considerados recuperados e o número de óbitos era de 1.410.

No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), por solicitação da Secretaria Municipal de Saúde, foram reabertos três leitos de CTI Covid. "Com isso, o hospital passa a contar com 58 leitos ativos no CTI Covid e quatro na Emergência Covid. O HCPA organiza-se também para reabrir outros leitos críticos, caso a demanda continue aumentando na cidade. Internamente, desde o início da pandemia, o Clínicas avalia diariamente suas ações e fluxos, alinhado com o poder público, para atender a população em casos covid e nas demais áreas", informou o hospital, em nota. 

De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho para a preparação do enfrentamento ao coronavírus do HCPA, Beatriz Schaan, houve um aumento no número de internações de pacientes graves da Covid-19 nos últimos dias mas, segundo ela, ainda não é possível afirmar que seja uma tendência. Apesar disso, Beatriz garante que o HCPA conseguiria retomar os 85 leitos covid caso ocorra um crescimento acelerado da demanda.

"Temos hoje 58 leitos ativos para covid, mas contamos com uma área física muito confortável para aumentar até 85. No entanto os profissionais da área da saúde estão trabalhando direto, desde março, também tivemos o término de muitos contratos temporários, demissões e pessoas que haviam sido realocadas para a UTI e voltaram para suas atividades", enfatizou. Mesmo assim Beatriz garantiu que a equipe do HCPA acompanha os números diariamente e que, caso seja possível verificar um aumento significativo na demanda por leitos, daria tempo para que a gestão tome decisões. 

Redução de aglomerações 

Na Santa Casa de Misericórdia, o diretor médico Antonio Kalil destacou que se for necessário a administração deve ampliar a disponibilidade de leitos. "Nos últimos dias a gente tem observado um aumento no número de casos, mas que não teve aqui no hospital uma repercussão importante em termos de ocupação de UTI", afirmou. De acordo com ele, a gestão da Santa Casa está em contato direto com a Secretaria Municipal de Saúde. "Se for necessário, vamos rever a ampliação da UTI", reiterou. 

Segundo Kalil é preciso que a população lembre sempre de reduzir as aglomerações. "O que vemos de festa, de aglomeração, é um problema que precisamos continuar colocando na cabeça das pessoas. Entendemos que ninguém aguenta mais, mas vamos ter que suportar esses próximos para que não haja um novo crescimento dos casos graves", ressaltou. O Hospital Mãe de Deus foi procurado para falar sobre a situação e não se manifestou.


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