Produção de lixo doméstico e reciclável aumenta em Porto Alegre durante a pandemia

Produção de lixo doméstico e reciclável aumenta em Porto Alegre durante a pandemia

Serviço de coleta seletiva subiu 9,3% entre março e maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2019

Cláudio Isaías

Serviço de coleta seletiva subiu 9,3% entre março e maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2019

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A produção de lixo doméstico e reciclável aumentou em Porto Alegre desde o anúncio das medidas de isolamento social em função da Covid-19. As 16 unidades de reciclagem da Capital perceberam um aumento do lixo, principalmente o seco.

Um levantamento da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos mostrou que a coleta seletiva teve um aumento em 2020, em relação ao mesmo trimestre de 2019, de 9,3% nos três primeiros meses da pandemia da Covid-19. O isolamento social foi o responsável pelo aumento na geração de resíduos pelos porto-alegrenses.

A média mensal de resíduo seletivo recolhido em Porto Alegre antes da pandemia era de 1,2 mil toneladas. Somente em março, foram recolhidos mais de 1,4 mil toneladas - o volume foi comparado à época de Natal, em que tradicionalmente aumenta a geração de lixo reciclável na cidade.

A coordenadora da Associação Comunitária Mulheres na Luta, Marinês dos Santos, disse que as trabalhadoras perceberam um aumento dos materiais recicláveis nas unidades de triagem. No entanto, apela para que as pessoas que estão em casa façam a separação correta dos materiais. "O lixo seco tem vindo misturado com o doméstico - resto de comida, fraldas, máscaras, luvas e seringa".

Segundo a presidente da Cooperativa de Trabalhadores Autônomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravipa), Imanjara Marques de Paula, ocorreu uma migração da área central da cidade para os bairros onde as pessoas ficam mais concentradas em razão do distanciamento. "Com a permanência das pessoas em casa, o lixo deixou, por exemplo, de ser gerado no Centro. Agora, está concentrado nos bairros", explicou.

O aumento na geração de resíduos é atribuído a a diversos fatores, como o consumo de produtos e serviços solicitados pelos moradores, por meio de tele-entrega. Além disso, existe ainda o aumento da frequência da limpeza e organização do ambiente doméstico, novos hábitos de higienização e compras pelo sistema delivery.

A cooperativa, que atua nos serviços de varrição do meio-fio, coleta seletiva e limpeza de praças, bairros e vegetação conta com 2.500 funcionários ativos. Os resíduos orgânicos e o rejeito recolhidos são levados para a Estação de Transbordo, localizada na Lomba do Pinheiro, onde são descarregados em carretas e encaminhados ao Aterro Sanitário de Minas do Leão. Já os resíduos recicláveis direcionados à coleta seletiva são enviados para as 16 unidades de triagem existentes na cidade.

Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostrou um aumento de 28% na coleta de resíduos recicláveis no Brasil nos meses de maio e junho, considerando apenas o lixo doméstico. O levantamento foi feito com operadores de diversos municípios, de diferentes regiões, que representam 60% do mercado de limpeza urbana do país. O resultado foi atribuído a maior permanência das pessoas em casa por causa da pandemia.

O hábito de reciclar também deixa a desejar entre os brasileiros. Segundo a Abrelpe, 98% das pessoas ouvidas consideravam a reciclagem importante. No entanto, 75% não realizavam a separação dos resíduos. Foram ouvidas duas mil pessoas em todo o país.


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