Profissionais protestam durante celebração de 80 anos de centro de saúde de Porto Alegre

Profissionais protestam durante celebração de 80 anos de centro de saúde de Porto Alegre

Eles reivindicavam reformas no local e melhores condições de trabalho

Taís Teixeira

publicidade

O Centro de Saúde Modelo completa 80 anos nesta quarta-feira. Uma breve cerimônia para o descerramento de uma placa alusiva à data no local, que fica na Jerônimo de Ornelas, 55, bairro Santana, em Porto Alegre, desde a sua inauguração, em 1941, marcou o momento, que teve a presença do secretário municipal de Saúde (SMS), Mauro Sparta, lideranças políticas e da área da saúde. Durante o ato, um grupo de cerca de 20 pessoas, entre profissionais e usuários, reivindicavam melhores condições de trabalho, reformas na infraestrutura e protestavam contra a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Modelo atende cerca de 500 pessoas por dia e já aplicou 220 mil doses de vacinas contra a Covid-19 desde o começo da imunização. Sparta destacou que, nesses 80 anos, uma média de 10 milhões de pessoas foram atendidas no Modelo. “É o centro de saúde mais tradicional e querido de Porto Alegre e merece ser reverenciado, assim como a todas as pessoas que trabalharam e trabalham aqui”, enfatizou.

Enquanto falava, os manifestantes mostravam placas com frases como “Modelo de Luto” e “Contra a privatização da Saúde”, atitude que não foi ignorada pelo gestor da pasta. “Vivemos em um espaço democrático porque lutamos por isso no momento certo, podem fazer a manifestação de vocês, o que não ocorre na Venezuela, em Cuba”, salientou.

A médica Mariana Ferreira explicou que uma das solicitações é pela manutenção da territorialização, que indica a região que o local vai atender. No caso do Centro de Saúde Modelo, as populações dos bairros Azenha, Auxiliadora, Bom Fim, Bela Vista, Cidade Baixa (parte), Farroupilha, Floresta (parte), Independência (parte), Jardim Botânico, Menino Deus (parte), Moinhos de Vento, Mont’Serrat, Petrópolis (parte), Praia de Belas (parte), Rio Branco, Santa Cecília (parte) e Santana, que representam cerca de 130 mil pessoas, estão na área de atuação do Modelo. “Eles querem tirar a territorialização, o que vai contra ao Plano Nacional de Atenção Básica, e estamos atendendo da manhã à noite, Porto Alegre inteira”, afirmou.

A médica acrescentou que não tem equipe suficiente, o que aumenta para muitas horas o tempo de espera dos pacientes, e ainda disse que os colaboradores do Centro não foram liberados para participar do evento de descerramento da placa. 

A enfermeira Carolina Santana Krieger, disse que foi reintegrada, por meio de ação individual, ao Centro de Saúde após ser demitida do Instituto Municipal da Estratégia da Saúde da Família (Imesf) em dezembro do ano passado com mais 552 trabalhadores. “Eu reivindico pela volta do Imesf, que é um órgão público, que recentemente demitiu mais 100 agentes comunitários porque há um projeto de privatização de toda Porto Alegre, inclusive do Modelo”, afirmou.

Sem privatização

Sparta rebateu dizendo que não há intenção de privatizar o Modelo. “Esse tema não está em discussão”, garantiu. Os manifestantes ainda relataram problemas de infraestrutura, como o teto que, em dias de chuva forte, não sustenta a água, que acaba caindo dentro do local. “Já fizemos manutenção e devemos fazer uma reforma em 2022”, estimou o secretário.

Na ocasião, também esteve presente o diretor-geral do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Cincinato Fernandes Neto. “O Centro de Saúde Modelo é muito importante para toda a população”, ressaltou. Somente em novembro, o local contabilizou 6 mil atendimentos (acolhimentos) e 10 mil procedimentos, como curativos e administração de medicamentos.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895