Programa de estudos brasileiros na Antártica arrecada R$ 18 milhões
Propostas podem ser submetidas até 8 de outubro
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Em março deste ano, Simões, que é também vice-presidente do Comitê Científico sobre Pesquisa Antártica, e um grupo de pesquisadores assinaram uma carta enviada ao ministro Gilberto Kassab e outras autoridades manifestando a preocupação com as pesquisas. Sem edital desde 2013, a comunidade científica temia, por exemplo, que a Estação Comandante Ferraz viesse a ser inaugurada sem cientistas.
À época, o MCTIC afirmou ter conseguido disponibilizar R$ 7 milhões para o Proantar, mas a verba era considerada ínfima pelos pesquisadores. Desde então, comenta o professor da Ufrgs, pressões e negociações foram feitas pelos cientistas em espaços como a Frente Parlamentar Mista do Programa Antártico Brasileiro. Os esforços repercutiram, o valor foi sendo ampliado e chegou aos R$ 18 milhões publicados em edital no dia 22 de agosto. "Basicamente, está salvando o Proantar", comentou Simões.
O pesquisador, considerado o "pai da glaciologia brasileira", destacou que este edital conta com uma novidade, que é a participação da Capes em cerca de um terço do valor. De acordo com Simões, os R$ 18 milhões serão suficientes para que até 20 projetos de pesquisa sejam bem financiados pelos próximos anos. Ele comenta que, além da Ufrgs, no Estado devem submeter propostas pesquisadores da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ao todo, estima que, no mínimo, dez instituições de ensino superior brasileiras devem participar.
As pesquisas em território antártico são consideradas fundamentais para, por exemplo, entender as mudanças climáticas no planeta. O Proantar ainda encontra relação direta com os estudos do clima e de eventos severos que ocorrem no Sul do Brasil. Em vários fenômenos, pesquisadores já encontraram componentes da circulação atmosférica induzida pelo continente. O temporal ocorrido em Porto Alegre no dia 29 de janeiro de 2016, por exemplo, havia o que cientistas chamam de "assinatura" da Antártica como uma região fria que tentava modular a situação atmosférica e contrastava com o calor no Rio Grande do Sul.