Projeto Acolhimento Familiar prepara a criança para voltar à família de origem

Projeto Acolhimento Familiar prepara a criança para voltar à família de origem

Ministério Público lançou, nesta quarta-feira, a campanha “Compartilhe seu Amor, seja uma família acolhedora

Sidney de Jesus

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“A vinculação afetiva, o medo e o desapego  parecem ser um entrave em nosso país para o acolhimento de crianças e adolescentes.  Quanto mais darmos voz as famílias acolhedoras, mais vamos desmistificar  essa questão”, afirmou a doutora em Serviço Social Jane Valente, autora do livro “Família Acolhedora”, durante o lançamento do Ministério Público da campanha “Compartilhe seu Amor, seja uma família acolhedora”, na noite desta quarta-feira, em live transmitida pelo canal do Youtube do Ministério Público do RS. 

De acordo com Jane Valente, a família acolhedora deve acolher a criança em seu espaço familiar pelo tempo que for necessário, assegurando o desenvolvimento integral e a inserção  na família.  Ela destacou que o processo de divulgação deve ser constante para sensibilizar e mobilizar a sociedade para a adesão à proposta de construção de uma cultura de acolhimento familiar. “O acolhimento familiar é a guarda temporária de crianças e adolescentes afastados da família de origem. Ao participarem do serviço, as famílias acolhedoras já sabem que não se trata de uma  adoção,  mas sim de uma rede de proteção para que a família da criança consiga se reorganizar para recebê-la de volta”, explicou a doutora em Serviço Social.  

Jane Valente lembrou ainda de casos de pessoas que têm receio de ser uma família acolhedora devido ao vínculo que criam com as crianças. “Não se pode ter medo do apego. Precisamos ouvir as crianças. Nem sempre poderemos atender aos seus pedidos. Mas, os seus pedidos orientam as nossas ações”, afirmou Jane, lembrando  que a criança que está na vida de uma família acolhedora deve receber todos os cuidados básicos, além do afeto, amor e orientação que favoreçam a convivência familiar.  

“O modo de fazer família acolhedora não pode deixar de ser artesanal porque a qualidade maior é a individualidade. A forma artesanal significa cuidar de cada caso no sentido de co-responsabilidade e cidadania”, afirmou a doutora Jane Valente, que lembrou que as famílias são acompanhadas por assistentes sociais e psicólogos. “O acolhimento exige um olhar atento dos profissionais, para que o ambiente seja propício ao atendimento das necessidades da criança e do adolescente”, ressaltou.  

A promotora de Justiça da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Cinara Vianna Dutra Braga,  mediadora do evento,  destacou que a família acolhedora assume o papel de parceria no atendimento e na preparação para o retorno à família de origem ou, na impossibilidade, na colocação em família substituta. “As crianças ficarão afastadas da sua família de origem o menor tempo possível”, afirmou a promotora, que enfatizou  que “todos esforços são empreendidos para superar as dificuldades que culminaram no afastamento”.  

O juiz de Direito Daniel Barbosa destacou que o primeiro caso do projeto família acolhedora no RS aconteceu em março 2020, junto com início da pandemia. Ele lembrou que na ocasião o número  de acolhimentos foi inferior  ao esperado. “Talvez a pandemia tenha influenciado, mas mesmo com a pouca procura conseguimos famílias acolhedoras qualificadas para acolher as nossas crianças e adolescentes”, afirmou o juiz de Direito Daniel Barbosa, que destacou que em parceria com o Instituto João Paulo II foi feita uma grande campanha de divulgação para buscar famílias que se engajassem ao projeto. “Hoje temos muitos casos animadores de famílias acolhedoras registrados aqui em Porto Alegre e fora também. Desde o início, entre os vários acolhimentos foi possível notar a diferença do olhar individualizado para cada criança. Isso mostra um diferencial relevante do nosso serviço”, enfatizou Daniel Barbosa. 

Durante o lançamento da campanha “Compartilhe seu Amor, seja uma família acolhedora”, do MP, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação Família e Sucessões do Ministério Público,  promotora de Justiça Denise Casanova Villela apresentou o relatório do Grupo de Trabalho criado para estabelecer diretrizes para implementação do Programa Família.  Segundo ela, o Rio Grande do Sul está caminhando para implementação da política de  acolhimento familiar. “Tivemos muitas experiências gratificantes e muito salutares no Estado. Acredito que uma criança estará muito melhor acolhida dentro dessa modalidade do que em outras previstas na nossa legislação, porque o afeto e o apego são extremamente importantes para a evolução e o  desenvolvimento delas”, afirmou Denise Casanova.


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