Projeto da Fome de Aprender já distribuiu mais de 4,2 mil refeições

Projeto da Fome de Aprender já distribuiu mais de 4,2 mil refeições

Idealizada pelo ex-jogador Tinga e com apoio de outros profissionais, iniciativa se tornou mais necessária durante a pandemia

Eduardo Amaral

Ônibus tem cozinha industrial e biblioteca instalada para ações culturais

publicidade

Lançado no dia 16 de março, o projeto da Fome de Aprender, idealizado pelo ex-jogador da dupla Gre-Nal Paulo César Tinga, já distribuiu mais de 4,2 mil refeições para pessoas em situação de rua de Porto Alegre em menos de um mês. Com um ônibus estacionado na esplanada do bairro Restinga, na zona Sul, a iniciativa nasceu com objetivo de distribuir 100 refeições diárias, porém, com a crise causada pelas medidas de isolamento do novo coronavírus, a necessidade aumentou. Nesta quinta-feira foram entregues 200 refeições, sendo que na quarta-feira já haviam sido distribuídos 218 pratos.

O projeto também prevê ações culturais, e além da cozinha, há uma biblioteca no interior do ônibus. Apesar de ser o idealizador da iniciativa, o ex-jogador explica que o Fome de Aprenter conta com o apoio de um time formado por ex-profissionais do esporte, como o técnico Tite, da Seleção Brasileira, e diversas empresas. “Eu sou o motorista do ônibus, o Tite (treinador da Seleção) é o técnico, mas muita gente vem ajudando.” O veículo, com 12,5 metros de comprimento, foi comprado pelo ex-jogador, e graças a doações e orientações da empresa Marcopolo, foi adaptado para abrigar a cozinha industrial e a biblioteca. O projeto iniciou na Restinga, bairro de origem com o qual o ex-jogador nunca perdeu o vínculo, tanto que o apelido pelo qual ficou famoso é uma referência direta ao local. Mas o ônibus já não fica mais restrito ao bairro no extremo Sul da Capital e a refeições .

Para garantir as refeições, Tinga tem contado também com o apoio de uma rede de empresários e amigos, que ajudaram antes mesmo do projeto iniciar. Além do ônibus e da mobília, as doações mensais consistem em alimentos que garantem a refeição das pessoas atendidas pelo projeto. A situação causada pelo Covid-19 rapidamente tornou a importância do Fome de Aprender ainda maior. “Com o comércio fechado, aqueles moradores de rua que eram ‘adotados’ pelos comerciantes ficaram sem nada, então a nossa responsabilidade aumenta”, explica Tinga.

Conhecedor da realidade das famílias mais carentes, Tinga se mostra preocupado em como as famílias de bairros pobres poderão lidar com as necessidades de isolamento enquanto persistir a crise do novo coronavírus. “É muito simples falar fique em casa com tudo no lugar e a geladeira cheia”, diz ele mostrando preocupação com as condições de vida das pessoas do seu antigo bairro. “Como vai pedir para se isolarem em uma casa de quatro peças que às vezes moram 10 pessoas.”

Presidente do projeto Time Fome de Aprender e da Comunidade Terapêutica Caverna de Adulão, Sandro dos Santos Leote, diz que tem sentido as pessoas cada dia mais preocupadas devido ao vírus que deixou o mundo em quarentena. “Há uma sensação  de pânico entre as pessoas, principalmente nas de classe mais baixas ao sei por falta de informação ou por preocupação pelo que ainda pode acontecer.” Essa apreensão levou trabalho a ampliar o seu atendimento rapidamente. “Hoje atendemos o dobro do plano inicial  devido a essa situação, e o público é bem variado, mas mesmo assim damos prioridade inclusive na fila para os moradores de rua.”

Na Restinga a alimentação é distribuída de segunda a sexta-feira, e nos finais são servidas quentinhas em outros locais. Em três domingos consecutivos foram distribuídas 200 a cada dia, e neste sábado serão entregues mais 200 em Alvorada, na região Metropolitana, numa parceria com o jogador do Grêmio, Jean Pyerre.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895