Queiroga prevê que novas doses da Coronavac sejam distribuídas daqui a 10 dias

Queiroga prevê que novas doses da Coronavac sejam distribuídas daqui a 10 dias

Durante audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, ministro criticou judicialização para entrega das doses

Agência Brasil

Durante audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, ministro criticou judicialização para entrega das doses

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a previsão é de que novas doses da vacina Coronavac só sejam distribuídas pelo Instituto Butantan daqui a 10 dias. Sem dar detalhes, ele informou nesta segunda-feira, durante audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, que a pasta deve emitir nos próximos dias uma nota técnica sobre a aplicação da segunda dose de vacinas contra a Covid-19.

De acordo com ele, a imunização completa é uma preocupação da pasta há mais de um mês quando o ministério autorizou a utilização imediata de todas as vacinas contra a Covid-19, sem a necessidade de manutenção de estoques para aplicação da segunda dose. Agora, “em face do retardo dos insumos vindos da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose”.

Queiroga também criticou a judicialização para entrega de doses da vacina Coronavac e avisou que se todos procurarem a Justiça não haverá "doses pra todo mundo". Ele lembrou que a falta de imunizantes para a segunda aplicação em cidades como a dele, João Pessoa, fez com que a capital da Paraíba garantisse as doses de Coronavac por decisão judicial.

“Só que, se todos judicializarem, não há doses para todo mundo. Não é a judicialização que vai resolver esse problema. O que resolve isso aqui são políticas públicas efetivas, que é o que nós temos tentado colocar em prática no ministério”, alertou.

O ministério tem cobrado que municípios se organizem para garantir que o intervalo entre as aplicações das vacinas da Covid-19 seja respeitado. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado no último dia 16, cerca de 1.426 municípios não reservaram a segunda dose da vacina. A entidade recebeu cerca de 3 mil respostas sobre o tema.

Queiroga também disse aos senadores que mudanças feitas por prefeitos e governadores na ordem de prioridades da vacinação atrapalham a campanha nacional contra a Covid-19. O ministro pediu respeito à lista elaborada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). "Ocorre que na 'bipartite' (reunião entre Estados e municípios), às vezes se muda orientação para incluir um grupo ou outro. Isso termina por alterar a harmonia do nosso programa. Atrapalha o processo de vacinação", disse o ministro.

Segundo Queiroga, não há razão para criar polêmica sobre a diferença entre vacinas distribuídas e já utilizadas, pois muitas foram reservadas para a segunda aplicação ou estão em rota de entrega até os municípios. "Tudo o que não precisamos nesse momento é polêmica", disse. Essa diferença tem sido usada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para criticar o desempenho de governadores de prefeitos.

Uso de máscaras

O ministro foi questionado por senadores sobre as aglomerações promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro, além da falta de campanha eficaz de comunicação do governo federal sobre o uso de máscara e o distanciamento social. Na sua resposta, Queiroga ignorou o comportamento do presidente e disse que as campanhas devem ser ampliadas. "A gente ainda não conseguiu convencer a população brasileira em relação aos malefícios dessas aglomerações fúteis", afirmou.

Na semana passada, o ministro acompanhou Bolsonaro em agendas em Manaus (AM) e Belém (PA). O presidente desrespeitou o distanciamento social e se aglomerou com apoiadores, mesmo após o governo do Amazonas alertar sobre risco de nova alta da doença no Estado.

Queiroga chegou a citar que o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) andava de bicicleta, sem máscaras, no momento da audiência, mas ponderou que não era uma crítica. O senador, então, disse que há "muita dúvida" sobre a possibilidade de dispensar a máscara ao praticar esportes em locais abertos. "A gente não sabe, porque não há uma campanha, como deveria ter", disse Izalci. Queiroga respondeu que há "controvérsia" sobre a "real utilidade" da máscara nessas situações, mas que o ministério irá editar um protocolo como se comportar em transportes públicos, por exemplo.

A reunião no Senado ocorreu na véspera da escolha de presidente e relator da CPI da Covid-19. Queiroga esteve na sessão por cerca de 1 hora. Em seguida, deixou seus auxiliares respondendo aos questionamentos dos parlamentares. Presidente da comissão mista da Covid-19, senador Confúcio Moura (MDB-RO) disse que o ministro teve de deixar o debate para se reunir com a Pfizer. Ao deixar a audiência, Queiroga afirmou que iria a uma agenda no Palácio do Planalto. O governo negocia a compra de 100 milhões de vacinas para a Covid-19 da empresa para a campanha de 2022.

Queiroga afirmou que há uma redução de casos e óbitos da Covid-19 no Brasil, mas não mostrou dados sobre o cenário da pandemia. Ele reconheceu que os números ainda são "muito elevados". O ministro também disse que a escassez de oxigênio medicinal "não tem sido tão forte como foi há 1 mês" e prometeu a entrega de mais medicamentos usados para a intubação de pacientes graves da Covid-19.

Cronograma

Sobre os motivos para redução no número de vacinas disponíveis em relação ao divulgado pelo ex-ministro da pasta Eduardo Pazuello, Queiroga disse que um deles está relacionado ao fato de a estimativa ter incluído 20 milhões de doses da Covaxin, do Instituto Bharat Biotech. A importação, em caráter excepcional, de doses da vacina Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biotech foi negada no mês passado pela Agência Nacional de Vigilância Santitária (Anvisa).

No sábado, 24, o ministério voltou a apresentar esse calendário após mais de 1 mês e por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A atualização do documento tem previsão de 22% de doses a menos no primeiro semestre.

Outro fator que contribuiu para um menor número de doses foi a demora na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), que vem da China. O atraso comprometeu a entrega do imunizante contra a Covid-19 tanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto pelo Instituto Butantan.

“O IFA, como os senhores sabem, é originário da China, e isso sempre dá uma variação, que pode ser para maior ou pode ser para menor. Questões logísticas também estão aqui consideradas. O fato é que temos trabalhado fortemente para conseguir mais doses”, garantiu.

No sábado, 24, o ministério voltou a apresentar esse calendário após mais de 1 mês e por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A atualização do documento tem previsão de 22% de doses a menos no primeiro semestre.

Segundo Queiroga, o ministério mantém diálogo com empresas e embaixadas para conseguir a compra de novos imunizantes. Ele citou que há negociação com marcas chinesas, mas disse que não pode dar detalhes sobre as conversas.

O ministro também declarou que há conversas "técnicas" sobre a viabilidade de produzir vacinas contra a Covid-19 em fábricas de imunizantes para animais. "É uma excelente alternativa." Queiroga minimizou o corte de recursos paro desenvolvimento de uma vacina nacional e disse que irá tratar sobre o tema com o ministro da Economia, Paulo Guedes, "no momento oportuno".

Queiroga disse que irá pedir para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) avaliar a criação de um protocolo clínico para a Covid-19, que trate desde casos leves aos graves. O ministro afirmou que a Saúde não irá "emitir juízo de valor sobre fármacos", no primeiro momento, pois a pasta pode ser acionada em recurso contrário à decisão da Conitec.

O ministério deve pedir para a comissão avaliar se inclui neste protocolo desde drogas com aval da Anvisa para a Covid-19, como o coquetel Regen-Cov2, além da cloroquina, que não tem eficácia para a covid-19, mas se tornou bandeira do governo Bolsonaro.

Pfizer

Para a próxima quinta-feira (29), há expectativa de chegada do primeiro lote da vacina da farmacêutica Pfizer, no Aeroporto de Viracopos, em São Paulo.

“São doses prontas, e o Ministério da Saúde já organizou toda a logística para essa vacina, que, como os senhores sabem, tem uma peculiaridade em relação à cadeia de frio. Nós temos capacidade, sim, para aplicar a vacina da Pfizer com bastante segurança”, disse.

A Anvisa autorizou o armazenamento da vacina desenvolvida pela Pfizer a -20ºC, por até duas semanas. A mesma autorização foi concedida pela FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos. Inicialmente, o laboratório indicava o armazenamento do imunizante a -75°C.


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