Queiroga: SUS pode incorporar medicamentos contra Covid-19

Queiroga: SUS pode incorporar medicamentos contra Covid-19

Ministro afirmou que pesquisas como da AstraZeneca e da Merck têm evoluído, e anticorpos monoclonais podem ser opções

R7

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na tarde desta segunda-feira que pesquisas de medicamentos para tratamento da Covid-19 têm evoluído e podem ser uma opção para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministro foi questionado se o coquetel de drogas experimentais em estudo pela AstraZeneca poderia ser incorporado ao sistema público para tratamento da doença. A farmacêutica britânica anunciou que o coquetel demonstrou ser eficaz para diminuir casos graves e mortes em pacientes que não tenham sido hospitalizados, mas o estudo ainda não foi revisado por cientistas independentes.

“As pesquisas têm evoluído. Anticorpos monoclonais são uma opção. Já há, inclusive, o RegenCov, que é o conjunto de dois anticorpos monoclonais”, afirmou Queiroga ao deixar o ministério nesta tarde. Os anticorpos monoclonais são aqueles desenvolvidos em laboratório para atingir uma região específica do vírus e neutralizá-lo.

Queiroga disse ainda que o governo sempre foi a favor de um tratamento que começasse na fase inicial da doença, mas não citou o fato de o presidente Jair Bolsonaro defender, desde o início da pandemia, medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a doença.

O ministro afirmou que o RegenCov, um dos coquetéis em estudo no mundo e que já obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial, já teve revisão dos pares publicada em revista científica e demonstrou ter real eficácia. “Saiu recentemente, numa publicação no New English Journal of Medicine, mostrando que essa medicação, quando usada por indivíduos que têm comorbidades, reduz em pouco mais de 70% o desfecho com morte e internação. E essa pesquisa é de boa qualidade”, afirmou o ministro.

O RegenCov teve registro emergencial aprovado pela Anvisa em abril, mas tem um custo elevado para ser incorporado ao SUS. Naquele mês, Queiroga havia dito que, caso a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS avaliasse que há condições de implementar o uso do medicamento e orçamento para aquisição, o tratamento seria disponibilizado aos brasileiros.

Queiroga também citou o medicamento da farmacêutica americana Merck, que pediu nesta segunda à agência reguladora dos Estados Unidos autorização emergencial para comercializar o comprimido contra a Covid-19 produzido por ela. O ministro afirmou ter sido informado por seu secretário-executivo, Rodrigo Cruz, que há tratativas da empresa com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para realizar a transferência de tecnologia.

“Se não me engano, o Rodrigo Cruz estava me falando que há algum tipo de tratativa com a Fundação Oswaldo Cruz para a tentativa de transferência de tecnologia. Nós sabemos que a vacinação tenta acabar com a pandemia, mas ela não tem o poder de acabar com a doença. As pessoas vão adoecer, e aí a gente tem que tratá-las para evitar que elas evoluam com as formas graves, as síndromes respiratórias agudas e óbito”, completou.

Máscaras

O ministro demonstrou irritação ao ser questionado sobre o uso de máscaras. Neste domingo, Bolsonaro foi multado em São Paulo por descumprir a lei que obriga o uso de máscara na cidade de Peruíbe, litoral sul do estado. Queiroga reclamou que a imprensa fazia perguntas repetidas “para ficar com as mesmas narrativas, que ninguém acredita mais”. O ministro afirmou que é necessário “olhar para frente” e para o que está sendo feito “em relação ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde”.

“Na saúde suplementar, por exemplo, ninguém me pergunta, mas nós aprovamos uma diretriz aqui no Conselho Nacional de Saúde Suplementar (Consu). Primeira diretriz em 20 anos aprovada no âmbito da saúde suplementar. Isso é mais importante do que essas discussões laterais, estéreis e que não servem para nada. Francamente”, disse Queiroga. 

O ministro se referia à Política Nacional de Saúde Suplementar para o Enfrentamento da Covid-19 (PNSS-Covid), aprovada no mês passado. O Consu estava inativo desde 2000, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi criada.


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