Reajuste dos combustíveis prejudica taxistas e motoristas de aplicativo em Porto Alegre

Reajuste dos combustíveis prejudica taxistas e motoristas de aplicativo em Porto Alegre

Governo federal propõe que o ICMS baixe para 17% ou 18%, ante os atuais 25% praticados; governo do RS não concorda

Felipe Faleiro

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Taxistas e transportadores por aplicativos de Porto Alegre estão sofrendo com o reajuste dos combustíveis verificado nas últimas semanas. O governo federal propõe que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) destes produtos baixe para 17% ou 18%, ante os atuais 25% praticados, o que o governo do Estado não concorda, justificando que isto pode afetar a arrecadação de impostos e eventuais investimentos.

Atualmente, de acordo com a Petrobras, o preço médio do litro da gasolina, por exemplo, está em R$ 7,06 no RS, sendo que R$ 1,55 (21,9%) é imposto estadual. No caso dos táxis, a tarifa congelada também interfere nos ganhos do serviço. “A situação está ruim para todo mundo. Ou aumentamos a tarifa para conseguir manter a qualidade do serviço, correndo o risco de perder passageiros, ou tentamos fazer um milagre. Do jeito que está, só mesmo um milagre”, observa o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari.

Ele ainda afirma que o assunto está na Câmara Municipal, para ser votado em breve, e já passou pelas comissões do Legislativo. O taxista Jorge Luis Oliveira, que trabalha no Centro Histórico, reclama que o GNV também ficou mais caro que a gasolina. “Queria entender porque ele [GNV] não baixa o valor. E hoje, os aplicativos tomaram conta, e estamos fazendo as corridas que os motoristas de plataformas não aceitam. Eles cancelam de R$ 10 para baixo e quem precisa fazer é o taxista. Nos sobram apenas as migalhas”, diz.

Já nas plataformas digitais, o presidente da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma), Joe Moraes, afirma que cada nova alta dos combustíveis representa maior defasagem em relação às tarifas cobradas pelas aplicações. “O combustível já teve mais de 50% de aumento apenas neste ano. Muitas vezes não vale a pena nem sair para pegar um passageiro, porque o motorista não vai ganhar o que sobra para cobrir os custos”, afirma.

Somado a isto, Moraes salienta que o percentual que fica com as plataformas é muito alto, chegando a até 40% em alguns casos. “É uma parceria unilateral. As empresas mandam e a gente apenas obedece. Precisamos criar este diálogo e queremos tarifas justas para podermos trabalhar e continuar prestando um bom serviço para o usuário”, salienta.

A presidente do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do RS (Simtrapli-RS), Carina Trindade, comenta que os condutores são obrigados a escolher as corridas que mais valem a pena.

Muitas vezes, segundo ela, isto resulta em cancelamentos involuntários. “Às vezes não vale a pena você andar quatro, cinco quilômetros para buscar uma corrida, que depois é pago dez, doze reais. E quando o motorista reclama das altas dos combustíveis, infelizmente as plataformas não nos ouvem. Também há quem acabe trabalhando com mais de uma plataforma, para que o valor seja positivo no final da jornada de dez, doze, e até quatorze horas”, diz. Para piorar, o aumento tem sido sentido também em quem optou por trocar a gasolina pelo GNV.

Ricardo Schutz, morador do bairro Bom Jesus e motorista de aplicativo há seis anos, diz que os preços assustam. “Está bem difícil para o pessoal. Algumas pessoas não estão conseguindo conciliar o trabalho. Muitos que têm veículos alugados estão devolvendo”, afirma.

Alguns condutores têm aderido a convênios com postos de gasolina, que oferecem gasolina a valores até 60 centavos mais baixos na Capital a quem atua com estas plataformas. “Enxugou nosso mercado de trabalho. Os clientes, em geral, estão preferindo o transporte coletivo”, observa Schutz.


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